São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995
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Zagallo usa tática conciliatória na seleção

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Bem que Zagallo preferia entrar em campo amanhã, contra o Valencia de Parreira, com os olhos voltados para a Olimpíada. Mas não dá. Por várias razões. A primeira é determinada pela grana. Não se pode promover uma nova seleção brasileira. O que o pessoal por lá quer é a seleção tetracampeã do mundo.
A segunda é que nosso calendário é tão sem-vergonha, que, além de não poder contar com jogadores jovens, promissores, alguns até consagrados, integrantes das grandes equipes brasileiras, que jogam sem parar vários torneios ao mesmo tempo, há gente de expressão disputando o Mundial de juniores no Qatar.
E a terceira é que técnico nenhum arrisca sua cabeça para montar uma seleção abdicando dos veteranos que seguram as pontas, na hora do 'vamovê'.
Além do mais, como costuma dizer o decano dos nossos jornalistas, o Oldemário Touguinhó, seleção é que nem corcunda -arruma sempre um jeito de se deitar.
O importante é que, num momento do futebol mundial, sobretudo brasileiro, em que prevalece o conceito de três médios, além dos quatro zagueiros, Zagallo parece disposto a optar por uma fórmula conciliatória: dois volantes e dois meias mais criativos e armadores por excelência. O ideal, nas atuais circunstâncias, é que um desses meias fosse ainda mais agressivo, praticamente o antigo ponta-de-lança. Alguém, digamos, como Amoroso, que vem aqui armar, mas chega lá na área da conclusão com decisão e fome de gol.
Amoroso está na maca. Logo, seu substituto natural seria Giovanni, do Santos, um meia-armador alto e habilidoso, que se infiltra na área driblando, tocando ou pronto para o cabeceio, como o Raí dos tempos do São Paulo bicampeão do mundo, não como o Raí da Copa.
Seria uma grande chance para um jogador em formação. Mas seria chance maior para Zagallo, um técnico mais do que testado.

Caio dominou na intermediária de Portugal, disparou com a bola colada aos pés, driblou dois e serviu a Élder, já dentro da área, que lhe devolveu na medida para que o Brasil fosse à final. Isso, aos 48min do segundo tempo de um jogo que os brasileiros dominaram. Aliás, a melhor exibição brasileira no Qatar, neste Mundial de juniores.
Mais um tetra à vista.

Mesmo sem Edmundo, o Palmeiras joga hoje contra o Bolívar, pela Taça Libertadores da América, e, sobretudo, contra o fantasma da desclassificação diante do Grêmio, pela Copa do Brasil, e contra a derrota para o São Paulo no clássico de domingo passado.
Já o tricolor, que clamava no deserto por uma vitória em clássicos, pode se dar ao luxo de exibir o futebol que anda escamoteando nesta noite, diante do América.
Só que neste torneio tudo é passageiro, menos o condutor e o motorneiro.

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