São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995 |
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'Sociedade' acomoda diferença
INÁCIO ARAUJO
Mas o filme mais à mão é "Sociedade dos Poetas Mortos" (Globo, 1h05), em que Robin Williams tenta dar uma orientação mais moderna ao ensino de um colégio tradicionalíssimo, para satisfação de seus alunos e indisfarçável desgosto de seus superiores. A pertinência do tema é indiscutível. A do filme, nem tanto. Este aposta na idéia, a rigor confortável, do professor liberal e capaz de resgatar a distância que separa o adolescente do adulto, que não é grande nem pequena: diz respeito a uma diferença insuperável. Se tomarmos "Os Incompreendidos", por exemplo, fica mais claro que o ensino tradicional, baseado no constrangimento e na intimidação, pode ser até um problema de direitos humanos. Em "Sociedade", essa idéia é menos clara. Institui-se a divisão entre vilões (velhos professores) e heróis (novos professores e alunos). Com isso, estabelece-se uma cumplicidade imaginária entre professores e alunos. Robin Williams é o mestre tal como os professores acham que são. E tal como os alunos gostariam que eles fossem. Nessa idealização cruzada, é possível que ambos se enganem. Certas distâncias são irresgatáveis. (IA) Texto Anterior: Bomba! Dias Gomes melhores não virão! Próximo Texto: Teatro contemporâneo descobre seus clichês Índice |
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