São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995
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'Sociedade' acomoda diferença

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

A relação aluno/escola poderia dar um ciclo. Há "Zéro de Conduite" (1933), de Jean Vigo, "If..." (1968), de Lindsay Anderson, "Os Incompreendidos" (1959), de François Truffaut.
Mas o filme mais à mão é "Sociedade dos Poetas Mortos" (Globo, 1h05), em que Robin Williams tenta dar uma orientação mais moderna ao ensino de um colégio tradicionalíssimo, para satisfação de seus alunos e indisfarçável desgosto de seus superiores.
A pertinência do tema é indiscutível. A do filme, nem tanto. Este aposta na idéia, a rigor confortável, do professor liberal e capaz de resgatar a distância que separa o adolescente do adulto, que não é grande nem pequena: diz respeito a uma diferença insuperável.
Se tomarmos "Os Incompreendidos", por exemplo, fica mais claro que o ensino tradicional, baseado no constrangimento e na intimidação, pode ser até um problema de direitos humanos.
Em "Sociedade", essa idéia é menos clara. Institui-se a divisão entre vilões (velhos professores) e heróis (novos professores e alunos). Com isso, estabelece-se uma cumplicidade imaginária entre professores e alunos. Robin Williams é o mestre tal como os professores acham que são. E tal como os alunos gostariam que eles fossem.
Nessa idealização cruzada, é possível que ambos se enganem. Certas distâncias são irresgatáveis.
(IA)

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