São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995 |
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'Malhação' transforma adolescentes em corpos saudáveis sem cérebro
BIA ABRAMO
A novela gira em torno de uma academia de ginástica. Jovens da classe média alta do Rio convivem na academia, praticando esportes e vivendo os conflitos banais, comuns e ordinários da adolescência. Até aí nenhum problema: duas das melhores séries para adolescentes da TV, a brasileira "Confissões de Adolescentes" (já fora do ar) e a norte-americana "Anos Incríveis" (Cultura e Multishow) poderiam ter sinopses muito parecidas. A diferença está no tratamento: para a Globo, adolescentes são retardados, caricatos e desprovidos de individualidade. Assim, neste primeiro capítulo fomos apresentados ao interiorano ingênuo, ao moço correto e cheio de boas intenções, ao motoqueiro "marginalzinho" etc. As personagens femininas, coitadas, nem a uma tipologia têm direito: são gostosas, sofrem de uma excitação sexual reprimida e olhe lá. Sexo parece ser o tema central. Claro, adolescentes pensam em sexo 90% de seu tempo. Mas, em "Malhação", o desejo se torna simples como uma equação: corpo malhado é uma vitrine que acena com a possibilidade de sexo. À precariedade do texto -diálogos para lá de duros, artificiais e generalizantes-, soma-se a rarefação das situações. Como "charmes" de linguagem, vinhetas explicativas de gírias (na estréia, o vocabulário dos espectadores foi enriquecido com a expressão "ralar peito", equivalente a "cair fora") e uma dupla de rappers que finaliza cada capítulo. Muito pouco depois dos fracassos de "Radical Chic" e "TVzona". Programa: Malhação Horário: de segunda a sexta, às 17h25 Emissora: Globo Texto Anterior: Globo faz ficção jornalística e jornalismo ficcional Índice |
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