São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995
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Nenhum sobrevivente é resgatado há 6 dias

MAURO TAGLIAFERRI
ENVIADO ESPECIAL A OKLAHOMA CITY

Nas contas do Fire Department -o Corpo de Bombeiros- de Oklahoma City, 137 pessoas continuavam desaparecidas nos escombros do edifício Alfred Murrah até o final da tarde de ontem. O número oficial de mortos na explosão que derrubou parte do prédio há uma semana chegava, naquela hora, a 88.
Nenhum sobrevivente foi retirado dos escombros desde a noite da última quarta-feira.
Ainda assim, bombeiros e equipes de resgate mantêm as esperanças de encontrar vida em meio às ruínas (leia texto nesta página).
Ontem à tarde foram encontrados os cadáveres de três crianças. Até o fechamento desta edição, porém, eles não haviam sido removidos do Alfred Murrah.
Os bombeiros também não haviam ainda atingido as ruínas da creche situada no segundo piso do prédio. Os trabalhos de resgate estão prejudicados devido à instabilidade do edifício.
A cada grande bloco de concreto removido, os engenheiros têm de reavaliar a estrutura da construção para evitar desabamentos.
Nos andares superiores, onde não há mais vítimas, o principal trabalho dos bombeiros é afastar os escombros das bordas, para impedir que caiam.
Outro fator que torna o resgate demorado é a necessidade de três etapas de trabalho até que um corpo seja removido.
Segundo o chefe-assistente do Corpo de Bombeiros de Oklahoma City, Jon Hansen, um pequeno grupo é encarregado de localizar as vítimas.
Essa equipe normalmente entra nos escombros por uma passagem, construída pelos bombeiros, chamada "a caverna".
Uma vez localizadas as vítimas, um segundo grupo, que também conta com engenheiros, avalia a maneira mais segura para remover os corpos. A partir daí, uma terceira equipe executa o trabalho de remoção dos escombros e resgate dos cadáveres.
Como os corpos já estão em estado de decomposição, os bombeiros precisam usar jaquetas com bactericidas (produtos usados para matar bactérias).
Vestem, ainda, luvas duplas, capas de lona, óculos de proteção e máscaras para evitar contaminação e por causa do mau cheiro. Ao sair do edifício, são borrifados com desinfetante.
Seu estado psicológico também merece cuidado.

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