São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PMDB ameaça votar contra o governo

DENISE MADUEÑO; DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PMDB, maior partido de apoio ao governo, partiu para o confronto com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Decidiu que votará contra a proposta de reforma da Previdência caso o governo não suspenda a votação de sua emenda, prevista para hoje, na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara.
A CCJ representa o primeiro passo na tramitação de uma emenda. É ela que diz se a proposta fere ou não princípios gerais da Constituição (admissibilidade).
Depois dessa primeira votação, é criada a comissão especial para discutir o conteúdo da emenda, com possibilidade de alteração.
"Se o governo insistir em votar a proposta, o PMDB votará contra", afirmou o líder do partido, Michel Temer (SP). O PMDB tem 11 dos 51 votos na comissão. O 52º membro da comissão é o presidente, Roberto Magalhães (PFL-PE).
Pela manhã, em café com líderes partidários, FHC havia combinado a aprovação do projeto, inclusive do PMDB. Estiveram com FHC os líderes de legendas governistas (PFL, PMDB, PSDB, PTB, PP, PL) e do PPR, além do vice-presidente Marco Maciel.
O presidente afirmou que a proposta tinha de ser aprovada hoje na comissão. Segundo relato dos líderes que participaram do encontro, FHC disse: "Vamos votar. Quero saber quem é governo e quem não é".
Em público, o PMDB alega que é preciso discutir melhor a questão previdenciária antes de votar a emenda. Nos bastidores, porém, os parlamentares da legenda afirmam que o Planalto não os está prestigiando como deveria.
Temer afirmou que vai apresentar amanhã um requerimento para suspender a votação por 60 dias.
O presidente não se opõe a que se faça uma discussão do projeto, mas após a sua aprovação na comissão. Neste caso, seria atrasada a segunda fase de tramitação, na comissão especial a ser criada.
"O presidente afirmou que, se o governo tem maioria, a proposta tem de ser aprovada", disse o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE).
Na reunião pela manhã, Oliveira e Temer tentaram convencer FHC a adiar a votação de hoje por 60 dias. "O presidente está firme. É para votar e ganhar na votação", disse Benito Gama (PFL-BA), um dos vice-líderes do governo na Câmara.
No início da noite, os líderes dos partidos voltaram ao Palácio do Jaburu para uma nova reunião com o vice-presidente Marco Maciel. Foram apresentar os números de votos que o governo poderia contar.
Mesmo com a decisão do PMDB de votar contra o governo, até as 18h30, outro vice-líder do governo na Câmara, Jackson Pereira (PSDB-CE), reafirmava a disposição do presidente de colocar a proposta em votação.
Pelos números de Pereira, o governo pode contar com 26 votos (anteontem, falava-se em 23). O número é suficiente para aprovação. O líder do PSDB, José Aníbal (SP), concorda com Pereira, mas considera difícil garantir estes votos na sessão de hoje.O líder do PTB, Nelson Trad (MS), tentava ontem convencer o único parlamentar de seu partido na comissão a votar com o governo.
O governo contava ontem com três dos cinco votos do PPR na comissão. Os partidos de oposição, PT, PDT, PPS, PC do B e PSB somam 12 votos na CCJ.

Texto Anterior: Metalúrgicos da Mafersa preparam greve
Próximo Texto: Força faz protesto com aposentados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.