São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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Intimação já divide grupo de Genoino

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão da cúpula do PT de intimar a corrente interna "Democracia Radical" para dar explicações sobre o comportamento de alguns de seus membros foi apoiada por parte do grupo.
Os deputados José Genoino (SP)) e Eduardo Jorge (SP), líderes da "Democracia Radical", são os alvos da direção do PT.
Ambos são acusados, entre outras coisas, de prejudicar o trabalho pela manutenção dos monopólios na reforma constitucional ao defender publicamente algum tipo de flexibilização.
O deputado federal Milton Temer (PT-RJ), que é membro da "Democracia Radical", criticou a ação de Genoino.
Para Temer, Genoino erra ao operar contra a posição majoritária no partido, que é pela manutenção dos monopólios estatais.
"O Genoino é grande demais para ser liderado pelo Roberto Freire", afirmou Temer, referindo-se à participação de seu companheiro de corrente no grupo articulado pelo senador pernambucano do PPS para negociar com o governo propostas na reforma constitucional.
Genoino disse considerar "absurda" a intimação da cúpula. "Querem criar um constrangimento para, no limite, atingir uma crise aguda", afirmou o deputado em linguagem cifrada.
Trata-se, no entender de Genoino, de uma manobra para forçá-lo a sair do partido, o que não está em seu horizonte.
Eduardo Jorge acha que a reunião com a Executiva do PT será uma boa oportunidade para se defender de "calúnias e mentiras" que enxerga estar sofrendo no partido.
O grupo de Genoino deve recuar das declarações sobre flexibilização de monopólios. A posição da ala é minoritária na própria bancada petista no Congresso.
O ex-deputado José Dirceu acha que não deve ser adotada medida disciplinar contra Genoino, mas admite que a situação é tensa. "O Genoino virou conselheiro do governo FHC e vive hoje da indústria da dissidência do PT", acha.
Genoino recomendou "calma" a Dirceu. "O Dirceu está passando uma imagem de intolerância", declarou.

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