São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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Presidente quer apressar venda da Vale

GILBERTO DIMENSTEIN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Na sua estratégia de neutralizar suspeitas sobre a viabilidade do Plano Real, o presidente Fernando Henrique Cardoso prepara um lance de impacto: o anúncio de que vai apressar a privatização da companhia Vale do Rio Doce, cobiçada mundialmente. A Vale do Rio Doce é uma das estrelas das estatais.
O ministro Pedro Malan não comentou especificamente essa medida, limitou-se a dizer que o "governo tem pressa em tudo". Em Washington, ele acenou a privatização da Eletrobrás como "um avanço" -a notícia foi publicada no "The New York Times".
A estratégia faz parte de uma constatação: existe a suspeita generalizada de que o plano necessita medidas complementares. E está ameaçado em dois flancos: desajustes das contas do governo e escassez de dólares para o país continuar importando.
Esses dois ingredientes fazem o governo temer que está perdendo a "guerra da informação". Daí, por exemplo, as palavras duras de Pedro Malan contra consultores, acusando-os de "coveiros do Real" e "alarmistas de plantão".
Ontem, o ministro pediu que a imprensa publique o nome das fontes que estariam por trás das projeções exageradas. Chamou estapafúrdias informações de que o ritmo das importações estariam crescendo.
Mas só palavras não bastam, o governo sabe. Privatizações como a Vale do Rio Doce, de impacto internacional, devido ao prestígio da empresa e valor (fala-se que seu valor varia de US$ 4 bilhões a até US$ 10 bilhões), dariam o sinal de estabilidade futura.
Ou seja, entrariam dólares no Brasil e, ao mesmo tempo, dinheiro nos cofres públicos, ajudando no que se chama de "equilíbrio fiscal".
A privatização é vista pelos investidores estrangeiros -e isso ficou claro nessa viagem- como um trunfo brasileiro. Já seu patrimônio seria capaz de ajudar na redução da dívida interna, o que ajudaria no combate à inflação.

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