São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995 |
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FHC pede à população que exija reformas do Congresso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O presidente Fernando Henrique Cardoso pediu ontem à sociedade que pressione o Congresso Nacional para votar as reformas constitucionais."Não se omita, manifeste o seu apoio, diga ao deputado, ao senador em quem você votou o que você espera dele", afirmou. Em pronunciamento transmitido em rede nacional de TV, o presidente disse que o esforço para a aprovação das reformas não depende apenas do governo, mas "de todos os brasileiros". A transmissão da mensagem de FHC, às 19h50, ocorreu pouco depois da deflagração de uma crise aberta pelo PMDB. O partido ameaça votar contra a reforma da Previdência, em votação a ser realizada hoje na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Nas emissoras de rádio, o discurso do presidente será transmitido apenas hoje, às 6h50. Avaliou-se no Planalto que a audiência nesse horário seria maior. Exceto pela linguagem mais direta, o conteúdo deve ser semelhante ao do discurso de ontem. FHC pediu também à sociedade que defenda a integridade do real, repetindo uma estratégia utilizada à exaustão durante a campanha eleitoral. "Nós precisamos vigiar mais os preços", afirmou. Dirigindo-se diretamente ao consumidor, o presidente acrescentou: "Denuncie aos Procons (procuradorias de defesa do consumidor) os que abusam. Evite os crediários e os empréstimos, porque os juros estão muito altos". O presidente deixou de mencionar o fato de que a política de juros altos é de responsabilidade do seu governo. "Ponha o seu dinheiro na poupança, porque ela está rendendo muito". No meio de sua fala, FHC capitalizou o aumento do salário mínimo de R$ 70,00 para R$ 100,00 e o reajuste de 42% para todas as aposentadorias a partir de 1º de maio. Formuladas pelo governo, as duas propostas foram aprovadas pelo Congresso. "Ainda é pouco", disse o presidente, referindo-se ao salário mínimo. "Mas, durante o meu governo, como eu prometi, vou aumentar ainda mais. Só não podemos permitir que o aumento do salário cause aumento dos preços. Porque aí todos perdemos". Didático, o presidente tentou explicar porque defende as reformas constitucionais. Segundo ele, a Constituição proíbe investimentos privados e sobretudo estrangeiros e é injusta, por exemplo, ao beneficiar aposentados com até R$ 20 mil enquanto a maioria recebe um salário mínimo. FHC repetiu que respeitará os direitos dos trabalhadores que têm tempo de serviço suficiente para a aposentadoria. "Não deixe, sem razão, o emprego de que você gosta. Os seus direitos serão respeitados. Esse é um compromisso meu". FHC aproveitou o pronunciamento para anunciar que ele mesmo ou os ministros poderão voltar mais vezes à TV para explicar as reformas constitucionais. No trecho em que defendeu o Plano Real, FHC declarou que a inflação ameaça voltar. Ele citou as medidas que o governo estaria tomando para detê-la: corte de gastos, redução de tarifas de importação, privatizações e vigilância de preços. O presidente gravou a mensagem no Palácio da Alvorada, com um cenário mais leve, que incluiu um abajur, uma estatueta e o brasão da República, além da imagem do jardim ao fundo. Texto Anterior: Pássaro madrugador Próximo Texto: 'Não deixe, sem razão, o emprego de que você gosta' Índice |
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