São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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O presidente sorriu

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

- Eu vou aumentar o salário mínimo.
Foi para sublinhar este "eu", numa exclamação que seguiu ecoando pelos ouvidos do Brasil, depois do discurso de ontem, que o presidente da República voltou à televisão, em cadeia. Aliás, não apenas em cadeia de televisão, mas no horário nobre.
Fernando Henrique Cardoso, que sabe estar fraquejando o cacife do real, o cacife que o elegeu, parece estar decidido a sustentar os próximos passos do seu governo naquilo pouco que amealhou de medida social -ou seja, nos cem reais para o salário mínimo.
E como estava à vontade, o presidente, ao falar do aumento'. Mais do que o fundo de jardim durante o pronunciamento e mais do que as vinhetas de tom eleitoral no início da transmissão, foi o sorriso de Fernando Henrique a novidade de ontem à noite.
Um sorriso que não se via desde a posse.
Na rampa
Fernando Henrique está elevando o salário mínimo para os prometidos cem reais, segue mantendo a inflação baixa, vai conseguindo as primeiras vitórias no Congresso, mas não dobra os contras.
Na Rede Brasil, a emissora do governo, ontem:
- Trezentos manifestantes protestaram em frente ao Palácio do Planalto, contra as reformas da Constituição. A segurança teve dificuldade em conter os manifestantes que por pouco não chegam à rampa.
Os bárbaros estão às portas, com ou sem aumento.
Surpresa
Mas o momento é mesmo dos melhores, para Fernando Henrique. Tudo começa a dar certo. As boas notícias -por assim dizer- vêm de onde ele menos espera. Por exemplo, em meio à cobertura do TJ:
- O presidente Fernando Henrique teve uma surpresa agradável, vinda do Congresso. A emenda constitucional que permite a reeleição de presidentes da República foi aceita pela Comissão de Justiça e começa a tramitar na Câmara dos Deputados.
José Sarney começou assim -ou terminou.

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