São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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FHC estuda trocar líderes do governo

JOMAR MORAIS e LUCIO VAZ

JOMAR MORAIS; LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso não abre mão de ser o próprio coordenador político de seu governo e estuda a possibilidade de trocar seus líderes caso volte a sofrer derrotas nas votações, no Congresso, das propostas de reformas constitucionais.
FHC trabalha também para aumentar a sua base de apoio, incorporando o PPR à bancada governista.
A Folha apurou, no Palácio do Planalto, que a nova onda de pressões, agora do PMDB, para que FHC nomeie um coordenador político com status de ministro deverá ter o mesmo destino do movimento sustentado pelo PSDB, no mês passado, em torno do ex-senador José Richa -o assunto morreu na imprensa e nos partidos.
Diante de interlocutores que ensaiam a abordagem do tema, Fernando Henrique simplesmente fica calado.
O último a lançar a idéia do coordenador político foi o presidente do PMDB, deputado Luiz Henrique (SC), que sugeriu para o cargo o ministro dos Transportes e deputado federal licenciado, Odacir Klein (PMDB-RS).
A médio prazo, FHC poderá trocar alguns de seus líderes e vice-líderes, cuja ação descoordenada e sempre envolvida em disputas pessoais e partidárias é responsabilizada, no Planalto, por alguns dos insucessos no Congresso.
PPR
O PPR e o Planalto negociam em duas frentes a adesão do partido ao governo. O líder da bancada na Câmara, Francisco Dornelles (RJ), já participa de reuniões com líderes aliados ao governo para discutir projetos da reforma constitucional.
Na última conversa com FHC, ele deixou clara a disposição de adesão: "Presidente, existe identidade entre o PPR e o governo. Queremos ajudar na reforma e no fortalecimento do real", disse Dornelles.
Numa segunda frente, o deputado Basílio Villani (PPR-PR) arregimenta a bancada para o projeto de aderir ao governo. "Já temos 30 certos, mas poderemos chegar a 40 ou 45 dos 51 integrantes da bancada", afirma.
O grupo mais articulado teria uma reunião ontem à noite na casa de Villani.
O deputado afirma que a maioria da bancada do partido quer participar do governo de Fernando Henrique ocupando pelo menos um ministério, além de cargos de segundo e terceiro escalões.
"Se formos para o governo, é para participar mesmo. Vamos querer um tratamento igual ao dos outros partidos. O PTB, com uma bancada menor, tem dois ministérios", lembra.
Villani também argumenta que o ingresso no governo vai evitar a perda de deputados para o PFL, ou o futuro PSL.
"Ficaremos em igualdade com o PFL. O nosso pessoal vai ter discurso no Estado", diz.
Amin
A maior dificuldade do PPR para aderir ao governo será interna. O presidente nacional do partido, senador Esperidião Amin (SC), acha que o partido deve manter uma posição de independência.
Perguntado se o deputado Nelson Marchezan (PPR-RS) ocuparia um ministério, disse: "Repilo isso. Não vamos comparar o PPR a outros partidos, que estão fazendo o 'toma lá, dá cá'. Não vamos nos nivelar por baixo".
Os parlamentares que desejam aderir ao governo afirmam que Amin resiste devido a interesses regionais.
O presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, ajudou o PMDB a derrotar Ângela Amin, mulher do senador, na disputa pelo governo de Santa Catarina, nas eleições do ano passado.

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