São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995 |
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TEMPORADA RENASCE COM OS JOVENS TALENTOS
SUZY MENKES
Até aqui, o arquétipo do talento britânico que desperta interesse é Alexandre McQueen. Sua coleção arrojada, inspirada nas regiões montanhosas escocesas, inclui tailleurs e conjuntos em xadrez feitos com apuro. A coleção de 150 peças -armaduras de couro com gravações em relevo, vestidos de fibra de vidro e sobrecasacas de folhas de renda- foi cortada pessoalmente por McQueen e costurada em uma sala alugada do tamanho de um banheiro de hotel. Com apoio do British Fashion Council (que patrocina a temporada londrina), jovens estilistas conseguem espaço e desfiles. Como prova que Londres está fervendo de novo, algumas supermodels aparecem na passarela. O desfile da Red or Dead exibe toques espirituosos -extravagantes roupas de esqui com botas lunares coloridas- e a febre dos plásticos representada nos trajes de vinil brilhante e nas saias com estampas de cortina de banheiro. A Saks, assim como outras lojas americanas e os compradores japoneses que fizeram o público dos desfiles crescer 10% ou 15% esta temporada, procura três coisas em Londres: tendências radicais, moda chique para a noite e aquela excentricidade poética essencialmente britânica. Helen Storey mostra em um túnel do metrô casacos de veludo tangerina, misturados com náilon, vinil e pele sintética eriçada. Já que a psique britânica é fundada no passado, o desfile anos 50 mostrado em Paris pelo estilista John Galliano na última temporada, é um rico filão a explorar. Edina Ronay faz um pastiche disso com inteligência, usando a escultural Jerry Hall para detonar a alta-costura, com um poodle na coleira, um Bentley cintilante na passarela e saias que prendiam os joelhos ou tão rodadas como as de vestido de formatura. As lojas de Londres estão dando uma força aos britânicos. A Harvey Nichols enche suas vitrines com guarda-roupas de Barbie de jovens estilistas. O máximo em acessório extravagante: a mochila em forma de sutiã. A malharia, um dos grandes destaques de Londres, é ofuscada pela confecção em tecido, embora Bella Freud tenha vestidos de malha listrada com boas proporções. Betty Jackson joga com texturas usando angorá, mohair e buclê em tramas finas, produzindo uma malharia que, a exemplo de sua confecção em tecido, ficou muito mais ajustada ao corpo. O que se ganha e o que se perde agora que a vanguarda britânica troca as roupas extravagantes pelas bem-comportadas? Tradução: LUCIA BOLDRINI Texto Anterior: GLOSSÁRIO Próximo Texto: AMBIENTE INFLUI NA ATITUDE DA ROUPA Índice |
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