São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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Indústria quer dólar cotado a R$ 0,98

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Indústria quer dólar cotado a R$ 0,98
A indústria paulista defende o aumento imediato da taxa de câmbio para R$ 0,98 por dólar norte-americano como a única maneira do país ter um saldo comercial (valor das exportações maior do que o das importações) este ano.
Giulio Lattes, diretor do Decex (Departamento de Comércio Exterior), da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), disse que os industriais estão 'alarmados' porque estudo da entidade mostra que o volume das exportações caiu 29,08% de setembro de 94 a fevereiro de 95.
As exportações de produtos industrializados nesse período caíram 23,78% e as de produtos básicos (matérias-primas industriais e agrícolas) 44,26%.
'Os números revelam um quadro dramático na balança comercial brasileira', disse. 'Se não há mudança no câmbio não há nenhuma condição de revertermos o processo de aumento das importações e reduções das exportações'.
Para Lattes, a reversão do atual déficit comercial (US$ 2,333 bilhões no primeiro trimestre deste ano), depende do Banco Central permitir uma taxa cambial de R$ 0,98 por dólar. 'Somente assim a situação se inverte', afirmou.
Lattes fez essas declarações durante o seminário 'Política cambial e a rentabilidade das exportações', realizado, ontem, pela Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior).
Para a Fiesp, o problema não é falta de produção exportável na área de manufaturados e semimanufaturados ou a indisponibilidade de bens para exportação.
A causa, diz Lattes, é a perda de competitividade e de rentabilidade dos exportadores brasileiros com a atual taxa de câmbio (faixa oficial de cotações mínimas e máxima de R$ 0,88 a R$ 0,93 por dólar).
'Muitas empresas estão aumentando os preços de exportação, porque com a estabilidade do câmbio não há possibilidade de manter os preços externos, e somos obrigados a modificá-los, perdendo competitividade, ou sacrificamos a própria rentabilidade para que esse preço não dispare'.
Roberto Giannetti da Fonseca, vice-presidente da Funcex, defendeu a adoção de um mercado livre para o câmbio, porque a presença do governo, segundo ele, é a causa dos problemas.

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