São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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Terrorista propõe trégua em troca de artigo

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O homem apelidado de Unabomber, que há 17 anos envia cartas-bombas a professores universitários e executivos industriais, propôs interromper seu terrorismo em troca da publicação de artigo escrito por ele.
A oferta foi feita ao jornal "The New York Times". O texto, de cerca de 300 páginas, descreve a filosofia política do Unabomber, que se classifica como "anarquista" com o objetivo de "destruir o sistema industrial".
O "publisher" do "Times", jornal de maior prestígio nos EUA, Arthur Sulzberger Jr., disse que suas páginas "não podem se tornar reféns" de terroristas, mas que está disposto a examinar o artigo para publicação.
Agentes do FBI que desde 1978 tentam prender o Unabomber dizem que ele é um homem branco, em torno de 40 anos, que age sozinho.
A mais recente carta-bomba atribuída ao Unabomber matou na segunda-feira um lobista da Associação Florestal da Califórnia.
O Unabomber diz em carta ao "Times" ter condições de enviar explosivos cada vez mais potentes, em embalagens cada vez menores e de aparência menos ameaçadora e que o FBI jamais o pegará: "O FBI é uma piada".
Ele nega que tenha como alvo universidades e pesquisadores. "As pessoas que queremos são cientistas e engenheiros em setores críticos, como informática e genética".
Desde 1978, o Unabomber já matou três pessoas e feriu 22.
Embora diga que "em algumas décadas" será capaz de atingir seu objetivo de destruir "o sistema industrial", o Unabomber se propõe a parar por estar cansado.
"Não tem a menor graça passar todo o nosso tempo livre manipulando misturas perigosas... Nosso objetivo é menos punir (as pessoas responsáveis pelo sistema) do que propagar idéias", argumenta.
Por isso, o Unabomber acha que a publicação de seu artigo compensará o fim das bombas. Mas ele ressalta que só oferece o fim do terrorismo, reservando-se o direito de continuar a sabotar o sistema industrial.

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