São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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Empresas médicas; Direitos humanos; Florestan; Arte moderna; Tecnocratas; Folha; Simão; Fleury; Dimenstein; Tucanos

Empresas médicas
"Já se verificou que os valores cobrados pelas empresas de grupo no Brasil são os mais caros do mundo. Por que será? Nossos sucessivos governos não fizeram absolutamente nada na área de saúde e essas organizações se aproveitaram dessa falha, fazendo verdadeiros impérios em reduzido tempo. Propagandas milionárias na mídia, com resgates através de aviões a jato e helicópteros, justificam seus preços extorsivos. O povo fica atordoado, mudando de plano de uma para outra empresa, tentando adequar seu orçamento, e correndo os riscos das carências impostas e das descontinuidades rotineiras de médicos e hospitais, sem aviso prévio. É um abuso descomunal."
Arlindo Cordenunzzi (São Paulo, SP)

Direitos humanos
"Sou totalmente contra qualquer tipo de radicalismo, matança indiscriminada, racismo, preconceito etc. Gostaria, porém, de saber onde se encontram os 'direitos humanos' no caso dos reféns de Marechal Cândido, pois estes reféns também merecem o apoio irrestrito dos seres humanos dos 'direitos humanos'. Chega de hipocrisia!"
Raffaello Pappone (Santana de Parnaíba, SP)

Florestan
"Mesquinha e antiética, assim como inoportuna, demagógica e imbecil, a revelar o seu perfil, é a carta que o vereador Adriano Diogo, do PT, enviou ao Painel do Leitor (23/4), criticando a criação do Instituto do Fígado, somente porque o professor Florestan Fernandes em boa hora o apoiou. Sou transplantado do fígado e revoltou-me essa manifestação descabida, atrevida e indecorosa desse infeliz edil, que não deve ter nenhum parente à espera de um transplante ou portador de qualquer problema hepático. O atual instituto, comandado pelos drs. Silvano Raia e Sérgio Mies, que com sua equipe valorosa têm feito transplantes hepáticos com absoluto sucesso, tem ocupado áreas inadequadas, tanto no HC como nas dependências da Faculdade de Medicina, necessitando de um hospital adequado para atender aos 15 mil casos de transplantes que o Brasil necessita anualmente. A visão desse 'edil' deve ser curta, pois se indigna com o 'tratamento de doenças' e acha que somente vale a sua prevenção."
Sérgio Approbato Machado (São Paulo, SP)

Arte moderna
"Depois de um dia exaustivo de trabalho, resolvi passear um pouco pela cidade, percorrendo as galerias com as exposições sempre mencionadas nos jornais. E, de repente, lá estava eu entediada de tanto ver óleos sobre telas, aquarelas sem nenhum significado -apenas tintas espalhadas sem nenhuma harmonização de cores ou rabiscos em papéis provocando espanto em vez de satisfação interior. Hora vai e não consegui ver nada de belo, e ainda tive que aguentar a fome e pessoas elogiando artistas que nem sequer são brasileiros. Será que é só isso que temos? Acho que não. Que saiam das gavetas as paisagens, as naturezas-mortas, os retratos e tudo o que faz com que a gente se sinta bem e com vontade de continuar lutando por um espaço maior, onde a beleza irá sempre predominar."
Estela Dalva Albertini (São Paulo, SP)

Tecnocratas
"Até quando os tecnocratas do governo vão continuar investindo contra o consumo e especialmente contra a indústria nacional? Na façanha de querer conter o consumo, estão investindo contra a produção, aumentando os custos e levando a indústria ao desespero. A agricultura está falida com os juros extorsivos, porque é preciso defender os banqueiros usurpadores da produção agrícola. Diga-se que não temos competência para criticar os todo-poderosos tecnocratas. Mas experiência nos ensina que, no passado, todos os países que entraram em dificuldades financeiras investiram maciçamente na produção. O excesso de oferta provocou pressão nos preços para baixo e acabou com a inflação."
Elmiro Silva (Belo Horizonte, MG)

Folha
"Alerta, Folha: 'Esqueçam tudo que escrevemos no passado'. Sou assinante da Folha por muitos anos e já comuniquei ao departamento de assinaturas que não mais assinarei o jornal, e o motivo é o mesmo do sr. Paulo Sérgio Bravo de Souza, que em 20/4 saiu no Painel do Leitor com o seguinte texto: 'A Folha vem deixando de cumprir com seu compromisso de servir a sociedade brasileira. Em nome de uma pretensa imparcialidade política e ideológica vem adotando uma postura de crítica destrutiva e leviana, que só pode servir aos interesses comerciais do jornal, certamente não contempla os interesses maiores da nação brasileira'. Da minha parte penso que as manchetes pró-neoliberalismo (entreguismo) são uma afronta à nação."
José Henrique de Cerqueira Mariani (Belo Horizonte, MG)

Simão
"Sou assinante da Folha há mais de cinco anos, recebendo o jornal tanto em minha residência quanto em meu escritório. Sempre achei a linguagem e a forma de abordar e comentar as notícias, empregadas pela Folha, de ótima qualidade e sem a utilização de quaisquer termos que pudessem ferir a moral e os bons costumes dos leitores. Entendo, como professora que sou, que a linguagem deve ser 'elástica', para melhor compreensão por parte de todos os leitores. Mas o que li esta manhã (20/4) na coluna do sr. José Simão, referente a uma frase do sr. Sérgio Motta e à viagem de nosso presidente, é de deixar qualquer pessoa atônita. Penso que, sendo um veículo de informação pública, a Folha deveria, ao menos, não permitir o uso de certos termos de baixo calão, principalmente em colunas tão lidas como a do sr. José Simão."
Ivonne de Genova Silva (São Paulo, SP)

Fleury
"Até que enfim Fleury aprendeu o significado do espírito público. Viu que o eleitor gosta e quer o sucesso do Plano Real. Chega de inflação! Espero que seus 'colegas políticos' façam o mesmo. Nada é mais ridículo do que ficar vendo-os teorizar soluções e depois ler suas frases armadas, normalmente construídas após muitos copos de gelo. Sigam a sociedade civil desorganizada, ela sabe o que é bom. Ela não dá nos jornais, mas dá nas urnas."
Luis P. Renzo (São Paulo, SP)

Dimenstein
"Um leitor escreveu criticando Gilberto Dimenstein, dizendo que a Constituição garante este direito, e que na sua coluna diária ele teria sido incoerente criticando essas manifestações, que vêm sendo feitas quando das visitas do presidente e, mais recentemente, do governador Mário Covas em Carapicuiba. Na minha opinião, esses manifestantes e o leitor só não têm noção do que seja democracia e manifestação, porque o que está acontecendo são ataques do povo. Sou jovem, tenho 24 anos, mas parece que na época da ditadura, quando as pessoas iam para as ruas, a polícia reprimia. Agora, o povo está reprimindo as autoridades. Não é a melhor forma."
Sebastião Teles de Faria Neto (Patrocínio Paulista, PS)

Tucanos
"No Mato Grosso, tive a feliz oportunidade de conhecer o tucano (pássaro) em seu habitat. Próximo a um mamoeiro, vi esse elegante, imponente, majestoso pássaro pousar suavemente sobre o fruto mais maduro do cacho. Abriu um pequeno orifício no mamão e, esfaimado e muito bom de bico, devorou, em segundos, toda a parte carnuda da fruta sem destruir a carcaça. Fiquei pasmo pelo que vi: o mamão era um oco desolador. Voltando de Mato Grosso, passei por muitas cidades no Estado de São Paulo, Paraná e fui parar em Criciúma (SC). Em todas elas os índices de inadimplência variavam de 60% a 70%. Soube de empresas falindo, outras em concordata e outras simplesmente fechando as portas e... milhares e milhares de desempregados. 'Ex positis' e tudo o mais que dos tempos do Real consta, folgo em saber que a viagem de FHC foi coroada de pleno êxito e que se deu muito bem com Bill Clinton nos EUA. Sem dúvida um bom lugar, pois creio que é para lá que ele irá quando as coisas aqui estiverem pretas."
Gilberto Motta da Silva (Curitiba, PR)

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