São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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Bairro vive apogeu da fama nos anos 50

SIMONE GALIB
DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Ao longo das últimas sete décadas, Copacabana viveu altos e baixos. Foi princesinha e plebéia. Criou bossas, modismos, atraiu celebridades hollywoodianas, entrou e saiu da moda.
Enquanto nos anos 30 era chique morar no bairro, nos dourados 50, era simplesmente o máximo.
Mas, muito antes de ser um bairro, Copacabana foi uma simples praia. E com um nome esquisito, Sacopenapan (em tupi, "o barulho e o bater dos socós", um tipo de ave), conforme os mapas dos meados do século 18.
Segundo o livro "Copacabana" (editora Index, 1986), a mudança para Copacabana ("mirante do azul", em quíchua, povo indígena que ocupava a América do Sul) teria sido causada pelo aparecimento, na praia, de uma imagem de Nossa Senhora de Copacabana, santa venerada no lago Titicaca, que banha Bolívia e Peru.
Comerciantes peruanos a teriam trazido para o Brasil, no início do século 17.
Muito afastada do centro do Rio e de difícil acesso (hoje são cerca de 20 minutos do centro), a praia ficou pouco povoada até o final do século 19, quando lá chegou a primeira linha de bondes.
Em 1878, a linha de Copacabana já tinha seis quilômetros, construídos entre o centro e o largo do Machado.
No início deste século, a praia começou a crescer e se transformar no bairro que viria sintetizar o novo Rio de Janeiro.
Antes da construção da avenida Atlântica, a praia não passava de fundo de quintal das casas da orla. Em 1923, na nova e ainda semideserta avenida, foi inaugurado o Copacabana Palace.
Dez anos mais tarde, o hotel foi cenário para o "Flying Down to Rio", marco cinematográfico onde dançavam juntos Fred Astaire e Ginger Rogers (veja texto nesta página). Estava lançada a fama de Copacabana.
A área em torno do hotel, que durante décadas ficara desocupada por questões judiciais, foi rapidamente valorizada.
No início dos anos 30, Copacabana já era um bairro consolidado. Sua população cresceu, o comércio se expandiu, criaram-se ruas, praças e avenidas.
No final dos anos 50 e início dos 60, Copacabana vira síntese musical de uma época.
Afinal, foi no famoso apartamento de uma garotinha chamada Nara (a Leão), que ocupava todo o terceiro andar do edifício Palácio Champs-Elysées, na avenida Atlântica, bem em frente ao Posto 4, que os também garotos Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli e Carlinhos Lyra se reuniam para tocar violão. Nascia a bossa nova.
Nas duas últimas décadas, os problemas -superpolução, favelas, roubos e furtos a turistas, trânsito, prostituição- ofuscaram o brilho da mais famosa praia carioca. Agora, quem sabe, chegou sua hora de brilhar novamente.

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