São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 1995
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Santos consegue 'segurar' o PMDB

'Este é um dia maldito', diz líder

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), transformou-se num malabarista para conciliar sua condição de membro do PMDB com o papel de principal interlocutor de FHC na votação da reforma da Previdência: "Este é um dia maldito".
Com a sua permanência na liderança em jogo, por causa do movimento de rebeldia do PMDB que ameaçava votar contra o projeto, Santos acabou ontem garantindo sobrevida no posto ao final do dia: "Não estou preocupado com o meu pescoço, nem com guilhotina".
Em meio a uma operação de caça aos votos dos integrantes do PMDB na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), indispensáveis à vitória do governo, Santos tratou de não se indispor com seu partido.
Saiu-se com a seguinte teoria, para tentar agradar ao mesmo tempo o governo e o PMDB: "Quem votar contra o projeto, não estará contra o governo, assim como quem ficar a favor, não estará votando contra o partido".
O líder preferiu ignorar a orientação do presidente Fernando Henrique Cardoso, de que a votação de ontem seria o teste para separar aliados da oposição. A decisão do PMDB, de liberar os 11 deputados titulares da Comissão de Constituição e Justiça para votar como quisessem, facilitou o trabalho.
Depois de considerar a vitória garantida, Santos disse que não era a favor de qualquer retaliação contra os peemedebistas insatisfeitos: "O governo deve continuar tratando bem quem votar contra hoje (ontem)".
O deputado até deu razão para quem votou contra. "Não se pode condicionar o juízo jurídico do deputado à conveniência do governo: não está em jogo o conteúdo da reforma", alegou.
A rebeldia do PMDB também deixou constrangido outro peemedebista, o líder do governo no Congresso, deputado Germano Rigotto (RS). "Esta falta de unidade no partido cria problemas para os líderes".
Rigotto não crê num rompimento entre PMDB e governo: "Não tenho dúvida de que o PMDB vai manter o apoio ao governo".

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