São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 1995
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Setor elétrico pode continuar monopolizado

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Erramos: 01/05/95
O presidente da Eletrobrás, Mário Santos, teme a possibilidade de que a privatização do setor elétrico no Brasil substitua o virtual monopólio estatal hoje existente por um monopólio privado.
Durante palestra na sede da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Santos disse ontem que os estudos para definir o modelo de venda das grandes empresas de geração de energia do grupo Eletrobrás devem ser "cuidadosos" para evitar essa hipótese de troca de um monopólio por outro.
O governo decidiu acelerar o processo de privatização das empresas Eletrosul, Eletronorte, Furnas Centrais Elétricas e Chesf (Companhia Hidroelétrica do São Francisco).
As quatro têm seus capitais controlados pela Eletrobrás e respondem pela maior parte da geração de energia elétrica, respectivamente, nas regiões Sul, Norte, Sudeste e Nordeste do país.
Mário Santos disse que a exigência de cuidados especiais deve-se ao fato de o setor elétrico ser complexo e interligado.
Ele entende ainda ser necessário que o modelo da privatização assegure o compromisso de o comprador fazer os investimentos que o setor precisa para garantir o abastecimento energético nos próximos anos.
A Eletrobrás calcula que serão necessários US$ 23 milhões em investimentos nos próximos quatro anos, sendo US$ 11 milhões em geração de energia.
Santos teme que se não houver o compromisso formal de os novos donos das empresas fazerem os investimentos, o Estado acabe tendo que voltar à cena para investir um dinheiro que não dispõe.
Os estudos iniciais para a privatização das empresas de geração de energia elétrica serão concluídos em 60 dias por um grupo interministerial que será coordenado pelo secretário do Ministério das Minas e Energia, Peter Greiner.
Lei de concessões
A Valesul, empresa de produção de alumínio controlada pela Vale do Rio Doce (49,72%), a sul-africana Billiton (41,49%) e a Companhia de Força e Luz Cataguazes-Leopoldina (8,79%), pretende investir R$ 100 milhões para construir nos próximos quatro anos cinco pequenas usinas hidrelétricas.
O projeto da Valesul, que tem sede no Rio, aproveita o espaço para investimentos privados no setor elétrico já aberto pela nova lei de concessões. Quatro das cinco usinas ficam no próprio Estado do Rio de Janeiro e uma, a usina de Mello, fica em Minas Gerais, próximo à divisa com o Rio.
Segundo o presidente da Valesul, Dennis Braz Gonçalves, o objetivo da empresa é aumentar de 18% para 50% a geração própria da energia que consome. A energia elétrica representa um terço dos custos de uma empresa de produção de alumínio.
A Valesul consome por ano 1,5 milhão de megawatts (unidade de potência elétrica elétrica correspondente a mil watts) e produz atualmente apenas 250 mil megawatts em quatro usinas, todas incorporadas com a entrada do grupo Cataguazes-Leopoldina na empresa, em 1991.
Dennis Gonçalves disse que hoje a maior preocupação da empresa, que deve faturar este ano cerca de US$ 170 milhões, é evitar riscos de desabastecimento de energia elétrica que ameacem sua produção anual de 93 mil toneladas de alumínio básico.

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