São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 1995
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Oswaldo Aranha; Meio ambiente; Greve de professores; Joyce; Municípios; Pronunciamento

Oswaldo Aranha
"Surpreendido com o comentário assinado pelo sr. Luís Nassif na Folha de S. Paulo desta segunda-feira, com alusões desrespeitosas à memória de meu avô, Oswaldo Aranha, e desprimorosas à minha própria pessoa, solicito a atenção de V. Sa. para o que a seguir se expõe, bem assim a publicação destes esclarecimentos. 1) Desde logo, repilo, por descabidas as afirmações ali contidas envolvendo a honrada memória de meu avô, Oswaldo Aranha. Estadista de marcante atuação na cena política de seu tempo, seu lugar na história republicana se acha consagrado pelo testemunho de seus contemporâneos, a par da reputação internacional de que muito nos orgulhamos, minha família e eu; 2) O mesmo se aplica aos conceitos que o articulista se permitiu avançar a meu respeito, quando incursionou, em tom caricato, por um importante território da economia brasileira, a revelar chocante desinformação; 3) Na qualidade de ministro da Fazenda do governo Getúlio Vargas -que assumiu em 18 de julho de 1953, não se achando à frente do cargo no ano de 1952, mencionado no artigo em apreço-, cabia a Oswaldo Aranha presidir as deliberações quanto aos rumos da política comercial do café, em conjunto com as vertentes do setor. Assim o fizeram todos os ministros da Fazenda ao longo do século, até a extinção do IBC, em 1990; 4) O preço mínimo de exportação do café a 87 centavos de dólar por libra-peso, introduzido em 1º de julho de 1954, não foi mais que um dos movimentos usuais a que qualquer governo se obriga na comercialização externa de suas matérias-primas. Tencionava, naquele momento, fortalecer as cotações externas do produto e a consequente ampliação da receita cambial, decisiva para o desenvolvimento econômico do país, que o café inequivocamente impulsionou. Trata-se de estratégia que tanto se adota como se descarta, em qualquer ocasião, de acordo com as exigências de um mercado especialmente volátil, como os das commodities agrícolas; 5) Quanto às insinuações de interferência de países concorrentes em decisões da política brasileira do café, ao tempo do ministro Oswaldo Aranha ou em qualquer época, passo ao largo por se apresentarem ao desabrigo da indispensável seriedade. Configuram, antes, uma ligeireza gratuita e menos responsável, que não sugere comentário adicional à constatação da tradicional e inquebrantável liderança que o Brasil sempre soube exercer no cenário internacional do café; 6) Por não conhecer a atuação do sr. Nassif na área específica do café, em que exerço atividade profissional há 25 anos, sem interrupção, suponho que a injustificável agressão tenha origem em fonte escusa que não se encoraja a defender seus pontos de vista com a indispensável altivez e de público -eis que a política cafeeira é assunto de interesse nacional, portanto público. Fonte esta que, ao induzir o comentarista a conclusões despropositadas, nenhum dado respeitável acrescenta ao debate do tema cafeeiro, além de comprometer, desnecessariamente, a credibilidade dos seus comentários, notadamente entre os que militam no universo do café. Estou certo de que V. Sa. não se furtará a abrigar meu legítimo direito de resposta ao desrespeito do citado articulista à memória de meu avô, bem assim às insinuações pueris e alheias à verdade quanto à minha atuação em café."
Oswaldo Aranha Neto (Rio de Janeiro, RJ)

Resposta do articulista Luís Nassif - Com exceção de deuses e semideuses (e dos nossos avós), não existe homem público cuja atuação não esteja exposta a críticas. A participação de seu avô no segundo governo Vargas foi polêmica, segundo inúmeras fontes da época. Provocou a crise do café, inverteu os rumos da política externa e encerrou os trabalhos da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos. O que não diminui sua importância em outros episódios da vida nacional. Em nenhum momento o artigo acusa seu avô de servir a interesses estrangeiros. Principalmente porque ele não reiterou erros da política cafeeira, apenas inaugurou-os. O ectoplasma de Cárdenas é apenas um blague de quem não entende como se volta reiteradamente a um tipo de estratégia cujo final sempre é desastroso para o país.

Meio ambiente
"Solicitamos retificação da matéria veiculada no dia 15/4 no terceiro caderno à pág. 6, que tem como título geral 'Método para retirada destrói morros'. A Secretaria do Meio Ambiente não incentiva ou privilegia o desmonte hidráulico como método de extração mineral, sendo este um dos métodos possíveis ou autorizáveis mediante a apresentação e aprovação de Plano de Recuperação de Áreas Degradadas. A análise e aprovação destes planos é incumbência do Departamento de Análise de Impacto Ambiental desta secretaria, razão pela qual agregamos a inspeção local, que fizemos juntamente com repórteres da Folha, um técnico daquele departamento."
Ronaldo Luís Crusco (São Paulo, SP)

Greve de professores
"A minha escola está de greve desde o dia 28/3. É muito ruim ficar de greve, vocês sabiam? E os professores da minha escola ganha (sic) só R$ 140 por mês. O governador não liga porque ganha bem mais que eles. Estou escrevendo esta carta para lutar por meus direitos. Nos horários políticos, o governador falou que toda criança tem direito a educação. Ele queria ser governador, conseguiu, e agora vai ter que dar conta de tudo que prometeu."
Diana Santos de Oliveira, 10, aluna da 4ª série (Osasco, SP)

Joyce
"Parabéns pelo frescor e originalidade da coluna Joyce Pascowitch de domingo. Só falta mais espaço."
Walter Salles Jr., cineasta (Rio de Janeiro, RJ)

Municípios
"Li a matéria publicada em 20/4 com o título 'Emenda do governo quer limitar criação de municípios'. Estou certa de que muitos dos municípios que se emanciparam em 92 e os que pretendem emancipação já para o próximo período eleitoral tenham tido apenas pretensões 'eleitoreiras'. Porém, Campina do Monte Alegre, pequeno município recém-emancipado, no seu terceiro ano de gestão, tem uma história política e econômica diferente. A administração municipal, para dar certo, basta ter comprometimento das autoridades, uma equipe participativa, o poder descentralizado e com ampla participação popular."
Edimara Peres Pereira do Amaral (Campina do Monte Alegre, SP)

Pronunciamento
"No seu pronunciamento de anteontem, FHC afirmou: "Precisamos modificar a Constituição. É injusto que os mais ricos paguem pouco imposto, enquanto os assalariados pagam muito". Mas isto não depende em nada, ou quase nada, da reforma constitucional. Por exemplo, o Imposto sobre Grandes Fortunas está na Constituição e nunca foi implementado. Há um projeto de lei do próprio senador Fernando Henrique neste sentido. Da mesma forma, uma maior progressividade no Imposto de Renda só depende de legislação infra-constituicional. Algumas medidas de justiça fiscal nem sequer dependem do Congresso. É o caso da redução das alíquotas de impostos indiretos sobre bens de consumo essencial e, especialmente, de providências para combater a evasão tributária. É preciso acabar com esse nhenhenhém de que tudo no Brasil -a salvação do real, a justiça social, o desenvolvimento- depende de reforma constitucional."
Paulo Nogueira Batista Jr. (São Paulo, SP)

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