São Paulo, sábado, 29 de abril de 1995 |
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Arte de viver
NELSON DE SÁ
Ontem, véspera do feriado prolongado, Fernando Henrique voltou a falar em público, na formatura dos novos diplomatas, mas usou o tempo para lembrar Tom Jobim e arriscar até uma crítica de arte: - Tom Jobim revela com seu talento a vivência das cores e dos sons da sua pátria, elevando o Brasil, através da sua arte, às mais altas expressões da sensibilidade humana. Não faltou um certo apelo à saudade: - Conheci Tom Jobim pessoalmente. Aprendi muito com a desconcertante simplicidade de sua inteligência e com seu caráter. Não só na música, mas também na arte de viver, era um mestre. Mas nem só da vivência das cores e da arte de viver se fez a sexta-feira do governo. Pedro Malan deu as caras para tratar do menos poético dos assuntos. Foi à Globo dizer que o pacote não é o que parece: - É bobagem dizer que é recessivo. A economia está crescendo a 9% ao ano. Continuará crescendo significativamente. O efeito que tem é evitar que se criem expectativas de aceleração excessiva da inflação. Salvo-conduto Segundo a CBN, "o sequestro abalou a sociedade do Paraná". A descrição explica a total mudança no tratamento do "drama de Marechal Rondon" pela polícia do Paraná. No primeiro dia, o chefe da operação surgiu na Globo dizendo que a polícia ia dar um exemplo de como tratar casos assim, sem concessões. Lembrou, pelo tom, os apresentadores dos piores programas policialescos, de que é bom exemplo o "Cadeia", da CNT, precisamente uma emissora do Paraná. O que se viu então foi, segundo a Bandeirantes: - A estratégia de pressão psicológica inclui muito barulho à noite. As sirenes e a movimentação dos policiais não deixam ninguém dormir. Os policiais já quebraram todos os vidros das janelas. Os dias passaram e nada aconteceu. Ontem, entrou em cena o secretário de Segurança, cedendo quase tudo, de carro-forte a avião bimotor, passando por um salvo-conduto que, segundo a Globo, garante que os sequestradores "não serão presos no Paraná". Texto Anterior: FHC é questionado pelo Procon de Minas Próximo Texto: Entidades defendem seguro em licitações Índice |
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