São Paulo, sábado, 29 de abril de 1995 |
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Zebu sempre teve intimidade com o poder BRUNO BLECHER BRUNO BLECHER; AMAURY RIBEIRO JR.; HELCIO ZOLINI
Com forte influência política entre os anos 30 e 60, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), criada em 34, chegou a indicar e destituir ministros. Em 1963, o então presidente João Goulart recebeu, em público, um sermão do presidente da ABCZ por sua "obsessão" pela reforma agrária. Os militares, todos, de Castelo Branco a Figueiredo, também prestigiaram a feira de Uberaba. O último deles, o general João Baptista Figueiredo, ganhou um bezerro de presente quando esteve lá em 1988. Collor aproveitou sua visita, em maio de 90, para pedir a bênção do médium Chico Xavier, um dos uberabenses famosos. Mesmo sendo mineiro, Itamar Franco, com medo de manifestações, rompeu a tradição em 93, alegando uma inesperada dor de dente. Em 94, a desculpa de Itamar foi o luto oficial pela morte do piloto Ayrton Senna. Mais corajoso, Fernando Henrique Cardoso chega hoje à terra do zebu em plena guerra entre o governo e os ruralistas. Mas corre pouco perigo. Tradicionalmente mais dóceis com o poder do que seus colegas agricultores, os pecuaristas costumam tratar bem seus convidados. Prova disso é o suculento franguinho ao molho pardo, acompanhado de polenta e feijão tropeiro, que está sendo preparado pelo fazendeiro Mário de Almeida Franco Júnior, um dos mais ricos de Uberaba, para o almoço da comitiva presidencial. Franco Júnior, que trabalha nos bastidores da política ruralista em Uberaba, foi um dos coordenadores da campanha de Fernando Collor à Presidência em 1989. Dono da fazenda São Geraldo, Franco Júnior aprendeu no berço a arte de reverenciar o poder. Seu pai, Mário de Almeida Franco, era amigo de Getúlio Vargas, para quem comprava gado. Colaboraram AMAURY RIBEIRO JR. e HELCIO ZOLINI, da Agência Folha em Uberaba Texto Anterior: FHC abre exposição em Uberaba Próximo Texto: Motta elogia atuação de militares nas teles Índice |
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