São Paulo, sábado, 29 de abril de 1995
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Motta elogia atuação de militares nas teles

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, elogiou ontem publicamente o desempenho dos governos militares na implantação da infra-estrutura de telecomunicações do país, em especial a atuação do governo Geisel.
Segundo o ministro, não só ele, como também o presidente Fernando Henrique Cardoso, reconhecem a contribuição que alguns setores dos governos militares deram para o crescimento do país.
O elogio foi feito no encerramento do 3º Encontro Nacional de Telecomunicações, no Hotel Maksoud, em São Paulo. Ele respondia a uma intervenção do general José Antônio Alencastro, fundador da Telebrás, que presidiu a estatal de 1974 a 1985 (governos Geisel e Figueiredo).
Alencastro pediu a palavra para agradecer as referências elogiosas à sua atuação, que Motta havia feito em ocasiões anteriores.
Disse que agradecia também em nome do ex-ministro das Comunicações comandante Euclides Quandt de Oliveira e de todos os militares que já atuaram no setor.
"Partindo do senhor, isto tem um significado muito especial, porque conheço seu passado de luta ideológica contra os governos militares", disse Alencastro.
"Este governo não é sectário, é democrático, ao contrário de determinados setores que insistem em manter este país na era de trevas", respondeu Motta, numa clara referência aos partidos e às centrais sindicais que se opõem à quebra do monopólio estatal das telecomunicações.
Motta disse que se sensibilizava ao ver uma pessoa, como o general Alencastro, reavaliar suas posições sobre o setor e defender a modernização. O general é hoje um defensor declarado da quebra do monopólio estatal da Telebrás.
"O general Alencastro é uma fonte de inspiração para mim. Vejo companheiros de minha geração comprometidos com teses carcomidas. Obrigado pela sua contribuição ao país", conclui Motta.
A demora do Ministério das Comunicações em nomear as diretorias das telefônicas estatais está criando um descontentamento geral nas indústrias de equipamentos de telecomunicações.
O descontentamento com o novo governo explodiu durante o encontro. Em sua palestra no encontro, o vice-presidente da Telebrás, Joost Van Damme, admitiu existir uma "angústia".
Durante a sessão de debates com Van Damme um executivo americano -que não se identificou- fez uma intervenção por escrito dizendo que a palestra de Van Damme "mais desinformou do que informou o mercado" sobre o plano imediato de ação do governo para o setor de telecomunicações.

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