São Paulo, sábado, 29 de abril de 1995
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'Bebida deve ter causado confusão'

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A vida de Cláudia Gonçalves Feitoza, 30, mudou totalmente no dia 16 de novembro, quando sua mãe, Maria José, recebeu um telefonema da empresa Transroll, onde trabalhava seu marido, Adircelau Pacífico, informando que ele estava preso na França e havia confessado ter traficado cocaína.
Cláudia tinha como única tarefa, até então, cuidar do pequeno apartamento de dois quartos, em Jacarepaguá, zona oeste, e esperar pela volta de Pacífico, que estava embarcado no navio "Independente", da Transroll.
Acreditando na inocência do marido, que iria ganhar R$ 1.500 com a viagem, ela começou a buscar ajuda no Itamaraty. Soube que o marido estava "preso mas bem".
Ela diz que só teve notícias mais precisas sobre o marido quando o "Independente" voltou ao Rio e ela foi a bordo pegar os pertences do marido. Na ocasião, o capitão disse que "houve uma denúncia" contra Pacífico.
"Ele sempre teve problemas com bebida e estava alcoolizado no dia em que foi preso. Isso é que deve ter dado a confusão", diz.
Mesmo com o marido já condenado, Cláudia não perde as esperanças de revê-lo solto. Para isso, conta com a ajuda da Solidariedade França-Brasil, uma ONG (Organização Não-Governamental) francesa de defesa dos direitos humanos.
Ela diz que os representantes da ONG com os quais costuma falar dizem que "não há provas" contra seu marido.
Enquanto não vê seu sonho realizado, ela luta para manter as conquistas do marido. "Ele me escreveu uma carta falando para eu vender tudo e ir morar com a minha mãe", disse.
Mas Cláudia não obedeceu o marido. Trabalhou de caixa e cozinheira de lanchonete e agora se aventura no ramo de produções de lojas. "Se depender de mim, quando ele voltar vai encontrar tudo o que comprou aqui ou em um lugar menor que eu consiga pagar", disse Cláudia, que paga R$ 200 de aluguel.

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