São Paulo, sábado, 29 de abril de 1995
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Roteiro desperdiça força das crônicas do livro

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

Mais uma vez uma adaptação para o cinema não supera o livro original. "The Basketball Diaries" tinha tudo para ser um bom filme. O roteiro, baseado nas crônicas Jim Carroll em sua adolescência, foi escolhido pelo próprio escritor, mas não traz o sabor da história do livro.
O filme começa bem, quando apresenta o estudante de uma escola católica que é estrela do time de basquete. A vida suburbana de Nova York é o pano de fundo das experiências de Carroll com drogas, crime, sexo e violência.
O diário, escrito entre 63 e 66, é um retrato do mundo "underground" de Nova York, deixando claro seu lado bom -loucuras adolescentes- e ruim -drogas. O filme levanta a bandeira do "diga não às drogas", que reduz o potencial poético do livro a uma espécie de campanha publicitária.
Leonardo DiCaprio é talvez o único grande trunfo do filme. Ele interpreta Jim Carroll. Fisicamente muito parecido com o escritor, DiCaprio dá um show, mesmo nas cenas mais pesadas.
Em uma delas, ele, completamente drogado, vai pedir dinheiro à sua mãe, que o impede de entrar em casa. A encenação é tão convincente que alguns críticos apostam que ele experimentou drogas.
Outro destaque é a participação de Mark Wahlberg, nome oficial do rapper e modelo Marky Mark. É o único do filme que consegue interpretar bem a agressividade do garoto de rua nova-iorquino.
O diretor Scott Kalvert faz sua estréia no cinema. Até então, ele apenas dirigia clipes para a MTV. Isso o ajudou a escolher um time de primeira para a trilha sonora, que inclui Pearl Jam (que toca com Jim Carroll), P.J. Harvey, The Doors e uma música inédita de Flea (Red Hot Chili Peppers).
Mas o brilhantismo pára aí. "The Basketball Diaries" não decola. Do meio ao fim, cai em clichês, desperdiçando uma boa história e bons atores.

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