São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995 |
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Bispos acreditam em acordo
FERNANDO MOLICA
O estatuto da CNBB não permite a formação de chapas. O processo eleitoral inclui uma prévia para avaliação de tendências. A partir daí, há sucessivas votações para cada um dos cargos até que se alcance a maioria de dois terços. O autor da idéia do consenso, d. Serafim Fernandes de Araújo diz que foi aplaudido ao fazer a proposta, no mês passado, a um grupo de 30 bispos de Minas Gerais e Espírito Santo. Apontado por diversos bispos como eventual candidato a secretário-geral, d. Raymundo Assis confirmou ter "ouvido falar" nesta possibilidade. Para ele, um consenso seria "o ideal". Bispo de Florianópolis, d. Eusébio Scheid, diz que as posições estão menos radicalizadas que em 1991, o que pode favorecer um acordo. Ressalvou, porém, que ainda existem "temores recíprocos". Moderação D. João Oneres Marchiori, bispo de Lages (SC), defende a continuação da atual linha da CNBB, mas afirma haver uma "tendência à moderação". Segundo ele, o fim dos governos militares favoreceu esta tendência. "A igreja não precisa falar mais como naquele tempo", diz. Mesmo d. Amaury Castanho, autor das cartas em defesa de uma chapa de oposição, declara admitir uma composição. Diz, porém, que ele e seu grupo (ele afirma representar cerca de 30 bispos) insistiriam na indicação de d. Cláudio Hummes (bispo de Santo André-SP) para secretário-geral. Identificado com os "progressistas" nas décadas de 70 e 80, época do renascimento do sindicalismo no ABC paulista, d. Cláudio tem assumido posições mais conservadoras. Sem mudanças Presidente da CNBB entre 1971 e 1979, o arcebispo de Fortaleza (CE), d. Aloísio Lorscheider, afirma que um eventual consenso não significará mudança de rumos na CNBB. Posição semelhante tem o bispo de São Félix (MT), d. Pedro Casaldáliga, um dos maiores defensores da "opção pelos pobres". "Não vejo inconveniente nos conchavos e consensos, mas não podemos abrir mão do que é básico", diz. Secretaria geral Para o cargo de secretário-geral na eventual chapa de consenso têm sido citados d. Raymundo Damasceno Assis e d. Alberto Taveira Corrêa, ambos bispos-auxiliares de Brasília, onde fica a sede da CNBB. Outra opção citada para a secretaria geral é d. Geraldo Lyrio, bispo de Colatina (ES), considerado, por diversos bispos, um "progressista moderado". (FM) Texto Anterior: CNBB tenta formar chapa de consenso Próximo Texto: Atuação social deixa de ser prioritária Índice |
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