São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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Brasil evita retaliação dos Estados Unidos

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil escapou de retaliações comerciais dos EUA. Mickey Kantor, principal autoridade norte-americana para o comércio exterior, destacou, porém, que o país é um dos cinco nos quais os EUA exigem esforços "especiais" para garantir novos progressos na proteção à propriedade intelectual.
A decisão faz parte da revisão anual da "super 301". Este é um dispositivo da lei de comércio dos EUA, de 1988, que dá ao governo norte-americano poderes para impor barreiras comerciais (aumento do imposto de importação, por exemplo) contra países que adotam práticas comerciais "injustas" (o não-reconhecimento da propriedade intelectual de indivíduos ou empresas de outros países).
Kantor disse ontem que, devido ao progresso das iniciativas ao redor do mundo para a proteção da propriedade intelectual, os EUA decidiram não adotar sanções comerciais contra nenhum país.
Mas em um relatório anual sobre a situação atual da proteção de patentes e direitos autorais, Kantor relacionou os cinco países que ainda preocupam os EUA. São eles: além do Brasil, Grécia, Japão, Arábia Saudita e Turquia.
Os EUA designaram o Brasil como "país estrangeiro prioritário" sob a "super 301" em maio de 93, iniciando uma investigação formal sobre a situação das patentes no país. Em novembro de 93, Kantor prorrogou a investigação por três meses, até fevereiro de 94.
Em 25 de fevereiro de 94, Kantor anunciou o fim da investigação e a revogação da identificação do Brasil como "alvo prioritário" para retaliações, reconhecendo o avanço da tramitação da Lei das Patentes no Congresso brasileiro.
Os EUA esperam que a lei das patentes, que foi um dos principais tópicos das conversações entre os presidentes Fernando Henrique Cardoso e Bill Clinton, na semana passada, em Washington, seja aprovada a curto prazo pelo Congresso brasileiro.
A legislação daria proteção às patentes norte-americanas nas áreas de produtos, substâncias e processos químicos e farmacêuticos, microorganismos e invenções biotecnológicas.
A Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac) enviou carta a Fernando Henrique.
A carta diz que o presidente Clinton, dos EUA, é "refém" das indústrias farmacêutica e alimentícia daquele país. "Senhor presidente, não se torne um refém também", diz o texto.

Com agências internacionais

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