São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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Bancos driblam arrocho do crédito

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As novas medidas adotadas pelo governo para conter o crédito tentam fechar as brechas que os bancos utilizaram para driblar os pacotes baixados desde outubro.
Apesar da criação de vários mecanismos compulsórios (depósitos obrigatórios de recursos no Banco Central), até agora os bancos vinham conseguindo aumentar os empréstimos para o setor privado.
A conclusão é de estudo da consultoria MBAssociados.
Em tese, com os compulsórios, o governo retira dinheiro dos bancos, reduzindo o poderia ser emprestados ao setor privado. Mas Não foi o que aconteceu.
No mesmo período, o total obrigatoriamente depositado no BC (Banco Central) em dinheiro mais os títulos públicos (federais e estaduais) apresentaram incremento de modestos 0,36%, ou R$ 349 milhões, passando de R$ 83,4 bilhões para R$ 83,7 bilhões.
Segundo o estudo, um dos efeitos da criação dos inúmeros compulsórios foi como um tiro no próprio pé do governo.
Com a redução do dinheiro disponível para empréstimos, os bancos reduziram mesmo o crédito: mas para o setor público e não para o setor privado.
O motivo, diz o consultor Fernando Montero, é que setor privado "paga duas vezes mais juros do que o governo paga". Assim, o governo conseguiu encarecer o crédito (subir os juros), mas não reduziu a oferta de crédito.
Calejado com o insucesso do passado, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, ouvido pela Sucursal de Brasília, já acena com a possibilidade de adoção de novas medidas.
"Consumir ou não é uma decisão de cada cidadão, mas o governo não pode ficar passivo diante dos problemas", afirmou.
O secretário listou três problemas: 1) consumo excessivo; 2) importações maiores que exportações; e 3) gastos públicos maiores que a arrecadação.
LEIA MAIS
sobre o compulsório na págs. 2-3 a 2-5.

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