São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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Expectativas podem ser revertidas em maio

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

O Banco Central divulgou as estatísticas monetárias referentes a março, com algumas informações interessantes.
Podemos, por exemplo, avaliar a verdadeira dimensão da perda de reservas externas a partir da mudança na banda de flutuação do real.
As vendas de dólares nos mercados flutuante e comercial pelo BC naqueles dias dramáticos atingiram mais de US$ 4,3 bilhões, provocando uma contração monetária equivalente a R$ 3,9 bilhões.
Além disso, o BC vendeu cerca de US$ 2 bilhões para serem liquidados nos próximos dias 2 e 3. Por uma série de operações, estes dólares já foram enviados, pelos importadores e detentores de capitais financeiros, para o exterior.
O total de reservas externas perdidas ao longo da crise somou, portanto, mais de US$ 6,3 bilhões. Este número não deve aparecer em sua totalidade nas reservas de março e abril, mas certamente ficarão claras na posição do maio próximo.
Outro fator relevante para avaliar nossas reservas externas atuais foi o desembolso de cerca de US$ 1,8 bilhão para pagamento de juros, amortização de principal e compra de garantias -títulos do governo americano- realizados no contexto da renegociação de nossa dívida externa.
Este pagamento deve ter ocorrido em fins de abril e estará refletido na posição de maio. Se estas estimativas forem exatas, e partindo-se das reservas externas líquidas informadas pelo BC para fevereiro, US$ 35,750 bilhões, chegamos a um número próximo de US$ 28 bilhões para a posição em maio.
É um número ainda bastante folgado, principalmente porque o mercado recuperou seu bom humor, tanto pela divulgação de um crescimento menor da economia dos EUA no primeiro trimestre de 95, quanto pela melhoria nas economias mexicana e argentina em abril.
Neste sentido, foi muito bem recebido o novo aperto no crédito. Maio pode devolver ao governo FHC o controle sobre as expectativas dos agentes econômicos.

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