São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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Uma semana melhor

DEMIAN FIOCCA

A estabilidade ganhou novo fôlego esta semana. As medidas de contenção do crédito pessoal tendem a reduzir o consumo e, modestamente, a inflação e as importações. Ademais, as restrições ao crédito podem forçar bancos e empresas a trazerem recursos do exterior para financiar suas atividades cotidianas. E isso é o principal.
A crise do México mostrou a fragilidade das estabilizações que se basearam no crescimento acelerado das importações estimuladas pela baixa cotação do dólar mantida pelo governo. Desde então, uma questão fundamental para avaliar a situação econômica do Brasil e da Argentina é saber se as perdas de reservas internacionais serão revertidas; é saber se o governo terá cacife para continuar vendendo dólares a baixo preço.
Há, sem dúvida, problemas com relação a outros preços da economia, principalmente as tarifas públicas e os juros. Mas é a situação do setor externo a que tem o potencial mais explosivo. Um eventual estrangulamento na capacidade para importar implicaria não apenas um aumento da cotação do dólar, mas uma restrição ao crescimento da economia pela falta de insumos e bens de capital importados.
Foi por afastar em certa medida essa ameaça que a semana foi boa. Reduziram-se as saídas de recursos do país e há uma perspectiva de que a tendência continue favorável. Não se resolveram os problemas, mas ganhou-se tempo. Ao desanuviar-se ligeiramente o setor externo, há motivos de otimismo.

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