São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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Gerentes e supervisores podem dificultar planos

DA REPORTAGEM LOCAL

As gerências e a média supervisão continuam sendo os maiores obstáculos para a implantação de programas de qualidade total nas empresas.
Essa constatação faz parte da pesquisa "Indicadores de Qualidade e Produtividade", realizada pela empresa de auditoria e consultoria Price Waterhouse junto às mil maiores empresas nacionais, excluídas as companhias estatais.
Segundo João Carlos Pissutto, 31, supervisor de projetos de qualidade total da Price Waterhouse, esses são os níveis hierárquicos que oferecem maior resistência à implantação dos programas. Por isso, exigem mais esforço para o sucesso dos mesmos.
Em palestra dentro da série "A busca da qualidade total", realizada no auditório da Folha toda segunda-feira (ver texto ao lado), Pissutto disse que esses profissionais "ficam entre a cruz e a espada" quando as empresas resolvem adotar os programas.
"São os primeiros a contrariar as próprias normas do programa", afirma. Mais de 80% entendem que não se deve delegar poderes a subalternos (pessoas que recebem ordens de outros), uma das características dos programas.
Temor de cortes
A principal causa é que se a empresa resolve reduzir o quadro de pessoal, normalmente os cortes começam pelos gerentes e supervisores.
A pesquisa revela que as mil maiores empresas mantinham, em média, 6,8 níveis hierárquicos (entre o funcionário menos graduado e o presidente) em 1991. Esse índice foi caindo ano a ano: 6,3% em 92, 5,6 em 93 e 5,2 em 94.
Isso prova que as empresas estão reduzindo seus níveis de comando. Daí, o temor de demissão de gerentes e supervisores.
Pissutto ressalta que esses profissionais não podem ser culpados pelo fracasso de um programa.
"É um processo global na empresa, que atinge todos os setores -da alta administração ao operário. Assim, o sucesso (ou o fracasso) é responsabilidade de todos".
Barreira já foi maior
A pesquisa da Price Waterhouse feita em 94 mostrou que a barreira da gerência e média supervisão é o principal obstáculo para 38% das empresas. Esse índice, entretanto, já foi maior em 93, chegando a 55%. Em 92 era de apenas 23,1%.
Pissuto diz que para a empresa obter o comprometimento total do funcionário é preciso "conscientização e motivação".
Para isso, é fundamental a formação e treinamento do trabalhador. Além disso, deve-se reconhecer e recompensar o funcionário -não necessariamente em dinheiro, afirma.
A pesquisa mostrou, também, que a falta de dinheiro é obstáculo à implantação de programas de qualidade para apenas 16% das empresas -o menor índice entre os apontados. Em 93 era para 24,8% das empresas e, em 92, para 20,8% delas (ver quadro).
O principal motivo para as empresas implantarem programas de qualidade é atender às necessidades e exigências dos clientes. Para 70% das empresas essa é a principal razão. Esse índice foi de 63,4% em 93 e 79,5% em 92.
A excessiva carga tributária brasileira ainda tira o sono do empresário. Para 65% das empresas, a carga tributária elevada é o principal motivo que dificulta a competição da indústria nacional no exterior. Em 93 o índice estava em 54,1% e, em 92, em 68,7%.

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