São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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Seleção de juniores revela despreparo

TELÊ SANTANA

Dedico o espaço da minha coluna de hoje ao time brasileiro de juniores, que foi vice-campeão mundial da categoria no Qatar.
A equipe fez uma boa campanha, mas decepcionou na partida final.
Demonstrando muito nervosismo, mostrou não estar preparado para uma decisão tão difícil como esta.
Não era um jogo tão difícil de vencer. Afinal, a Argentina não possui um time poderoso. O segredo deles foi justamente a calma.
Os argentinos nem precisaram usar a catimba e souberam administrar a vantagem construída no primeiro tempo.
No lado do Brasil, alguns jogadores não renderam o esperado. É o caso do Reinaldo, do Atlético-MG.
Outros, como o Denílson, que eu conheço bem, deveriam ter mais oportunidades. Hoje ele atravessa uma grande fase e pode ser considerado titular do São Paulo.
Além disso, Denílson é um jogador frio, que poderia ter entrado perfeitamente desde o início da decisão, sem se alterar pelo clima da partida.
No jogo, o nervosismo dos brasileiros ficou evidente -nas reclamações junto ao juiz e na expulsão de um jogador, justamente quando a equipe mais pressionava.
O que me preocupa é um certo abatimento desses jovens jogadores, quando eles voltarem ao país.
Cada técnico tem que saber como recuperar a confiança deles. No meu caso, acho que terei mais dificuldades com o Caio, que participou de toda a campanha e foi um dos destaques do Brasil.
Ele deve ter sentido muito a perda do título.
Quanto ao Denílson, por ter ficado na reserva, o abatimento será menor.
Algumas conclusões devem ser tiradas desse Mundial.
O time foi muito endeusado no início e os jogadores se vangloriaram antes do tempo. Isso não pode acontecer em um torneio tão importante.
Por outro lado, grande parte do jogadores mostrou ter condições de fazer sucesso em suas equipes.
Alguns, como Zé Elias, Caio, Denílson, Reinaldo, Luizão e Gláucio, já são experientes e titulares em seus clubes.
Os outros, para vingarem na profissão, precisam ter a confiança de seus treinadores.
Eu, particularmente, gosto de lançar novos valores. O segredo é você acreditar no jogador e fazer ele também acreditar no seu potencial.
É o que eu estou tentando fazer com o Nélson, zagueiro do São Paulo. O que falta a ele é acreditar no seu próprio futebol. Ele joga toda a responsabilidade nas suas costas e está sentindo o peso de substituir o Júnior Baiano.

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