São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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O MAIOR RIO DO MUNDO

Sedimento sobe a costa atlântica

DA FOLHA VALE

A meta inicial do projeto Amazing Amazon era detalhar a análise do transporte de sedimentos que o Amazonas promove entre a cordilheira andina e o oceano Atlântico.
Depois de dois anos de estudos, os investigadores concluíram que a ação do Amazonas se faz presente em regiões que distam até 800 km de sua foz, como em Georgetown (capital da Guiana).
Nessa área, os sedimentos trazidos pelo Amazonas desde os Andes -como a argila e o silte (partículas de 0,05 mm a 0,005 mm)- estão provocando aos poucos a ampliação das praias da faixa litorânea.
Os sedimentos são levados da foz do rio com a ajuda da corrente marítima das Guianas.
A constatação foi feita por meio da observação das imagens contínuas de satélite da região dos últimos dez anos.
A faixa litorânea criada pela ação do rio é extremamente fértil. Na Guiana, a área é utilizada para o cultivo de cana-de-açúcar e arroz.
Os pesquisadores Martini e Garcia contam com o apoio da Unicamp (Universidade de Campinas) para fazer a análise química comparativa entre os sedimentos encontrados nos Andes e nas Guianas.
A universidade cedeu o analisador de partículas por absorção atômica que será utilizado para estes estudos. O analisador verifica se os elementos químicos presentes nos dois materiais são os mesmos.
O estudo do transporte de sedimentos é encarado pelos geólogos como um elemento indispensável para a compreensão dos ecossistemas brasileiros.
"Mare Duce"
Para o geólogo e presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), Aziz Ab'Sáber, o Amazonas é "uma verdadeira máquina de sedimentação".
"Tão inimaginavelmente grandes são os efeitos deste rio 'branco' na sua foz que os índios e os portugueses chamavam essa região de Mare Duce (Mar Doce)."
Ab'Sáber afirmou que a sedimentação costeira provocada pelo Amazonas é conhecida há muito tempo. "A análise das imagens de satélite feita pelo Inpe pode dar maior transparência ao assunto."
Ele disse que na reunião anual da SBPC, programada para julho no Maranhão, deve acontecer uma mesa redonda para analisar o papel do Amazonas como suporte biológico dos manguezais do Pará e do Maranhão.
"Quando acompanhamos o papel dos sedimentos trazidos pelo rio, descobrimos que este suporte biológico completa o que se pode chamar verdadeiramente de ecossistema."

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