São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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Metade dos bancos pode falir ou mudar de dono

SÔNIA MOSSRI; JOSÉ ROBERTO CAMPOS
DE BUENOS AIRES E DO ENVIADO ESPECIAL

Os bancos argentinos estão naufragando. Muito dinheiro saiu de suas contas com a crise mexicana. A um ataque especulativo externo se sucedeu uma série de ataques dos próprios correntistas.
Para salvar o sistema financeiro, o ministro Domingo Cavallo (Economia) montou uma megaoperação de salvamento que será executada com dinheiro argentino e de organizações multilaterais.
É um expediente praticamente inédito -sanear bancos com empréstimos internacionais.
Um fundo foi colocado de pé com US$ 2,6 bilhões. Um bônus "patriótico" foi passado entre bancos locais, arrecadando US$ 1 bilhão. Bancos internacionais entraram com mais US$ 1 bilhão.
O governo promoverá gigantesca transferência de patrimônio. O dinheiro financiará a mudança de controles acionários das instituições que não estejam em condições de se manter.
Ao tomar dinheiro do fundo, os bancos darão ações em caução. Bancos interessados na aquisição receberão estas ações e emitirão Obrigações Negociáveis -um gigantesco leilão privado, com financiamento garantido.
"Em reunião com os bancos, o ministro deixou claro que bancos internacionais poderão participar", disse um banqueiro. "Para Cavallo, a reforma terá de ser feita rapidamente, em 30 ou 60 dias".
A crise financeira explodiu próxima às eleições. Os banqueiros e Cavallo decidiram reordenar o sistema após 14 de maio. Até lá, continuarão operando cerca de 40 bancos sem capacidade de pagar seus compromissos em dia.
Depois das eleições, é provável que metade dos 200 bancos do país suma do mapa ou mude de mãos -uma estimativa do governo e cálculo sigiloso da própria Associação de Bancos Argentinos.
O BC não autoriza a abertura de agências de grandes bancos se esses não se comprometam a comprar os insolventes.(JRC e SM)

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