São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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Cartéis põem América Latina na rota mundial do tráfico de heroína

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A produção da heroína é o novo investimento dos cartéis colombianos de droga -uma variação de mercado que já se transformou numa nova ameaça para o Brasil.
A informação foi transmitida à Folha pelo oficial Omar Alemán, da Drug Enforcement Administration (DEA), responsável pelo combate às drogas, na Flórida.
O departamento de Alemán cuida tradicionalmente do narcotráfico gerado na América Latina e dirigido aos EUA via Caribe.
Os números da DEA mostram que em 1994 a América do Sul passou ao segundo lugar na produção de heroína -liderada pela Ásia, que detém 76% do mercado.
Em 1991 foram interceptados 41 vôos com heroína, saídos da Colômbia com destino aos EUA. Em 1993, esse número pulou para 232 vôos interceptados.

Folha - Quais as novas estratégias da DEA para combater as máfias mundiais?
Omar Alemán - Estamos tentando combater a mais nova estratégia dos cartéis colombianos, que alimentam todas as outras máfias.
Esses cartéis agora enviam drogas à América do Norte através da fronteira dos EUA com o México.
Aos poucos estão abandonando a antiga rota, que passava necessariamente pelas Bahamas e Caribe.
Folha - Quais as novidades dos investimentos das máfias?
Alemán - Os cartéis colombianos diversificaram seus investimentos e agora apostam dinheiro nas plantações de papoula. Estão produzindo ópio e heroína.
Sabemos que elas estão na Amazônia, não muito distantes do território brasileiro. Esses novos investimentos podem representar uma ameaça para o Brasil.
Folha - Que máfias o senhor vê atuarem na América Latina?
Alemán - Sabemos que a máfia nigeriana tem demonstrado muito interesse no tráfico da heroína produzida na Colômbia.
A América Latina ofereceu, nos últimos seis anos, um terreno geograficamente maravilhoso para o trânsito de drogas.
Folha - Qual o país que mais preocupa a DEA?
Alemán - A preocupação é genérica, porque hoje os narcodólares são lavados em praticamente todos os países, são lavagens de bilhões de dólares.
O sistema bancário de qualquer país pode ser vítima, hoje em dia, da lavagem das máfias. Acho que o país que mais preocupa a DEA é a Colômbia e suas fronteiras.
Ali é muito duro o combate ao narcotráfico, os mafiosos compram tudo e todos, é muito dinheiro. Agora, para baratear os custos, as máfias tentam traficar crack para os EUA, droga que custa muito mais barato do que a cocaína.
Com essas atividades, os mafiosos têm tido muito dinheiro para comprar pessoas.(CJT)

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