São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995 |
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Brasil é o maior centro distribuidor de cocaína
CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
Os US$ 200 bilhões faturados anualmente por esses cartéis alimentam financeiramente todas as máfias do mundo. Esta é rubrica que o país ganhou em relatórios distribuídos pela ONU e elaborados pelo Departamento de Estado dos EUA, aos quais a Folha teve acesso. O dossiê diz que "as pressões sobre Bolívia, Colômbia e Peru fizeram os cartéis procurar países vizinhos, Brasil, Equador e Venezuela". "As máfias estão procurando uma atmosfera política que seja mais propícia a seus negócios", dizem os norte-americanos. O relatório sustenta que o Brasil passou, a partir de 1993, a lavar dinheiro da máfia italiana e no mesmo ano se instalou entre os quatro maiores entrepostos do mundo no tráfico de cocaína. "No passado o Brasil não era um lavador de dinheiro, mas agora as instituições financeiras são cada vez mais usadas como elo de ligação entre os produtores de cocaína da Colômbia e os maiores distribuidores de drogas dos EUA". Francisco Carlos Garisto, agente especial da Polícia Federal brasileira, participou, nos últimos 14 anos, de 90% das prisões de mafiosos no Brasil. Único agente com 42 elogios em seu currículo, Garisto diz que "o Brasil é hoje o paraíso das máfias e dos cartéis". Segundo ele, a vinda de mafiosos italianos, colombianos e nigerianos ao país se deve "à não-política" de combate ao crime organizado. "Nossos aeroportos são queijos suíços, por eles passa tudo. E não há um único agente para vigiar o lugar que chamamos de 'BV-8', que é a fronteira do Brasil com a Venezuela, por onde passa boa parte da cocaína". (CJT) Texto Anterior: ONU tenta combater "lavagem" anual de US$ 750 bilhões pelo narcotráfico Próximo Texto: Cartéis põem América Latina na rota mundial do tráfico de heroína Índice |
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