São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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Cargos e salários; Giannotti; Executiva do PT; Aposentados; Enfermagem; Riscos do futebol; Conny; Greve na saúde; Mundo revisionário; Monopólios e informação

Cargos e salários
"Depois de uma hora e meia de entrevista, a reportagem da Folha de S. Paulo não conseguiu entender o que é o Plano de Cargos e Salários da Comgás. O cargo de consultor empresarial faz parte desse plano e na hierarquia da empresa é ocupado por funcionários que exercem a função de diretor ou presidente. Essa prática é regida pela lei das sociedades anônimas e é aplicada aos funcionários de carreira que têm qualificação profissional para exercer tais funções. Portanto, não existe acúmulo de cargo como afirma a reportagem do dia 27/4. O diretor empregado, de carreira da empresa, ocupa o cargo de consultor empresarial e exerce a função, em confiança, de diretor ou presidente. A presidente da Comgás, Iêda Correia Gomes, explicou detalhadamente o que é e como funciona o Plano de Cargos e Salários, exemplificando que a maioria das empresas públicas e privadas dispõe dessa política para gerenciar salários e carreiras de seus empregados. No caso das empresas públicas, o Plano de Cargos e Salários é previamente analisado e aprovado pelo Codec, órgão encarregado da defesa dos capitais do Estado. Acredito que a verdade dos fatos é necessária não só para a reportagem deste jornal mas, principalmente, para esclarecer a opinião pública."
David Zylbersztajn, secretário de Energia do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista George Alonso - O que o secretário não explica é como diretores de uma mesma estatal, desempenhando funções idênticas, ganhem salários diferentes. É o caso da presidente da Comgás e de dois diretores, que por serem funcionários de carreira, ganham R$ 6.500 para exercerem função idêntica à de outros diretores que ganham R$ 2.500. Como explicar que um funcionário seja ao mesmo tempo diretor e consultor de uma empresa? Fica claro que é um artifício para elevar salários.

Giannotti
"Afinal, qual é a da Folha? Por que não publicam minha carta de 3/4, na qual critico o Mais! de 2/4? Na carta digo que a reportagem sobre J. A. Giannotti, intitulada 'Enfim um filósofo brasileiro', submete Giannotti a um ridículo que ele não merece. Menciono também a arrogância de Giannotti para com Heidegger: 'autor que leio para ficar com raiva'. Ele se refere às 'categorias rarefeitas e abstratas' de Heidegger. Que dizer, então, dos sufocantes conceitos marxistas comprimindo idéias como gado em vagão de matadouro, explicando Shakespeare e Balzac pela mais-valia? Pior, ainda, foi a conduta de Paulo Arantes, demolindo o livro de Giannotti sem o ter lido."
Gilberto de Mello Kujawski (São Paulo, SP)

Executiva do PT
"Repudio, como cidadão, a fragilidade da executiva do PT que quer enquadrar os deputados José Genoino e Eduardo Jorge. Os burocratas optam em tratar questões políticas modernas como se fossem caprichos administrativos."
Badger Vicari (Francisco Beltrão, PR)

Aposentados
"Estou aposentado e tenho incontáveis queixas sobre o INSS. O instituto presta um serviço ruim, fundamentalmente, porque não há espírito gerencial, não há vontade de resolver. Pessoas vão e voltam inúmeras vezes, quando o caso poderia ser resolvido na primeira visita. É sintomático o caso de reclamante acompanhada de repórter, que recebe um tratamento diferenciado e encontra solução na hora, quando este seria o procedimento normal."
Henry Pierre Deberdt (São Paulo, SP)

Enfermagem
"Na edição do dia 22/4, pág. 3-3, foi publicada reportagem sobre os cursos de pós-graduação no Brasil. O foco principal estaria nos cursos com conceito A. Para nossa surpresa não foram incluídos os programas de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da USP. O Programa de Mestrado da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo foi iniciado em 1973 e tem seis conceitos A. O Programa Interunidades de Doutoramento em Enfermagem iniciado em 1981 com a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto já obteve cinco conceitos A. E o outro Programa de Doutorado da Escola de Enfermagem da USP, com início em 1989 foi considerado conceito A pela Capes, por duas vezes."
Paulina Kurcgant, presidente da Comissão Interunidades de Pós-Graduação e Victória Secaf, presidente da Comissão de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)
Nota da Redação: A correção foi publicada ontem na seção Erramos.

Riscos do futebol
"Telê Santana declarou que se o Corinthians não fosse jogar na Vila Belmiro contra o Santos ele abandonaria o futebol de São Paulo. Caso ocorra alguma tragédia, devido o acanhado estádio do Santos, para ser coerente, ele deverá então abandonar o futebol. A sua atitude é irresponsável, ou ele não sabe que o número de torcedores do São Paulo em um jogo é sempre menor que o número de corintianos?"
Sandoval Antonio Lappa Nassa (São Paulo, SP)

Conny
"Pedir ao Cony para escrever sobre o Senna é um desperdício, quase uma blasfêmia! O sr. Cony só é bom quando fala de suas cadelas Mila e Titi. No mais, é mais amargo que fel. É daqueles que quando se cumprimenta com um 'como vai?', sai dizendo como está mal e todas as desgraças que imagina que tem ou talvez deseje que aconteça. Ao nosso campeão a eterna gratidão pelo orgulho que nos fez sentir! Os grandes serão lembrados sempre!"
Maria Cecília Centurion (São Paulo, SP)

Greve na saúde
"Mais uma vez servidores públicos estaduais da área da saúde encontram-se em greve. Estão descontentes em virtude de vários motivos e, por isso, estabelecem demandas. Novamente sucede clara injustiça, uma vez que mecanismos de atuação democrática, certamente prioritários, ficam mal utilizados ou mostram-se inoperantes e pouco eficientes. Assim, governador, secretário de Estado da Saúde, sindicatos, associações, dirigentes de instituições e deputados compõem estrutura que deve e pode solucionar embates de maneira menos traumática."
Vicente Amato Neto (São Paulo, SP)

Mundo revisionário
"Quero cumprimentar Otavio Frias Filho pelo seu inteligente texto 'Sub', publicado em 27/04. Desta vez, noto o escritor menos niilista e mais analítico. O mundo já não é percebido como 'um mundo sem ideologias', refrão que vinha pontuando suas colunas, mas como um 'mundo revisionário (versus o antigo mundo visionário), que se dobra sobre o passado'. Sua sensível análise dos nomes (comandante) Zero e Sub (comandante Marcos) lembrou-me os versos do poeta Oliverio Grirondo: 'Buscar ignífero superimpuro lesado/lúcido bêbado/incerto/entre epistílios da aurora ou ressacas insones/de solidão em crescente/antes que se dilate a pupila do zero..."'
Régis Bonvicino (São Paulo, SP)

Monopólios e informação
O artigo "Monopólios e informação', do ombudsman Marcelo Leite, expressa fielmente o meu pensamento. Parabéns. A missão do jornalista é informar, mas para isso alguns recursos utilizados são altamente questionáveis. Acho que não viverei o tempo de assistir e ler reportagem identificando suas fontes. Quanto aos monopólios, gostaria de vê-los sendo extintos, mas desejaria ver as empresas estatais serem vendidas a um preço justo, porque elas pertencem ao povo brasileiro."
Maria José O'Neill (São Paulo, SP)

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