São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995
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Preço baixo reduz área no Paraná

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A área plantada de milho safrinha no Paraná, maior produtor do grão no país, sofreu uma redução de 27,5% este ano em relação a 94, segundo estimativas do Deral (Departamento de Economia Agrícola do Estado).
Os cálculos mostram que foram plantados, até o final de março, cerca de 500 mil hectares.
A produção prevista é de 1 milhão de toneladas, com uma produtividade média de 2.000 kg/ha, se não houver perdas causadas por problemas climáticos.
Os números deste ano são inferiores inclusive aos da safra 92/93, quando foram plantados 530 mil hectares e colhidos 1,13 milhão de toneladas.
``O medo de uma quebra de safra por possíveis geadas e os baixos preços do produto no Estado desestimularam os agricultores", afirma Francisco Simioni, economista do Deral.
No ano passado, uma forte geada em junho destruiu 346 mil dos 690 mil hectares de milho safrinha plantados no Paraná.
A expectativa de colheita de 1,5 milhão de toneladas converteu-se em apenas 710 mil toneladas.
Outro problema são os preços, que caíram diante do excesso de produto resultante da supersafra de verão.
O Paraná colheu este ano 7,5 milhões de toneladas de milho, numa área plantada de 2,15 milhões de hectares.
O preço da saca do produto, que chegou a cair para menos de R$ 4, apresentou uma pequena recuperação para R$ 5 nas últimas semanas.
Mesmo assim, está abaixo do mínimo estabelecido pelo Governo (R$ 6,32/saca).
Entre os produtores da Copervale, de Palotina (oeste do Paraná), a área destinada ao milho safrinha caiu 60%, calcula Jorge Miziak, agrônomo da cooperativa.
``Safrinha é loteria. Ano passado, os agricultores perderam 70% dos 20 mil hectares plantados e este ano resolveram não arriscar", diz Miziak.
No lugar do milho, os produtores optaram por trigo, aveia preta (para adubação verde e pastagem) e safrinha de soja.
Segundo Miziak, as perspectivas neste inverno não são boas para o milho na região, porque o frio está chegando mais cedo.
``Já estamos com temperaturas quase abaixo dos 10 graus à noite. Isto impede o desenvolvimento das plantas, fazendo com que permaneçam mais tempo no campo até a colheita, expostas às geadas de junho e julho", explica.
Com isto, ele prevê uma produtividade em torno de 3.700 kg/ha, em vez dos 4.200 kg/ha que a região teria capacidade de produzir em condições climáticas favoráveis.
Segundo Simioni, a safrinha corresponde a 23% da produção total de milho do Paraná.
O plantio do produto no inverno vinha crescendo no Estado desde 90, em substituição ao trigo (veja quadro).
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) ainda não dispõe de dados sobre a área plantada com milho safrinha este ano.

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