São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Botucatu ganha laticínio orgânico em junho
DA REPORTAGEM LOCAL Começa a funcionar em junho, em Botucatu (225 km a noroeste de São Paulo), o Laticínio Cambará, que vai industrializar leite produzido por vacas alimentadas em pastagens orgânicas (sem agrotóxicos) e tratadas com poucos antibióticos.O laticínio vai produzir diariamente 4.000 litros de leite, que serão vendidos como tipo integral, de acordo com Fábio De Bona, 38, um dos idealizadores. A dona do laticínio é a Associação Cambará, que reuniu como sócios do empreendimento 30 pequenos produtores de Botucatu. O objetivo da associação, fundada em 1986, é levar a educação ao campo e estimular a utilização da agricultura biodinâmica. Nesse tipo de agricultura, segundo Bona, procura-se plantar as pastagens onde as vacas alimentam-se com o menor uso possível de fertilizantes e agrotóxicos. O tratamento contra parasitas e doenças dos animais privilegia produtos naturais. A fazenda é vista como um organismo, onde o cultivo de cada planta deve ser feito em harmonia com o meio ambiente. Estimula-se, ainda, a rotação de culturas (plantio alternado a cada ano para evitar o desgaste do solo e reduzir a incidência de doenças). As instalações do Laticínio Cambará foram financiadas em parte pelo governo da Noruega. Bona não revela o valor total do projeto, nem a parcela destinada pelo governo norueguês. A Associação Cambará entrou com o terreno e a mão-de-obra. Os 30 pequenos produtores que se associaram à Cambará cuidam de um rebanho de 1.400 vacas. Como alternativa aos produtos químicos, os agricultores usam, por exemplo, folhas de bananeira contra verminoses e um extrato de fumo contra carrapatos. Para estancar a diarréia dos bezerros, alguns produtores ministram chá de camomila. ``Os trabalhos junto aos agricultores começaram há dois anos. Por isto, o uso de métodos alternativos ainda se dá em pequena escala". Segundo Bona, qualquer lucro obtido pela Associação Cambará na venda do leite será destinado à manutenção ou construção de escolas na zona rural da região. A idéia do laticínio surgiu a partir da necessidade de ampliar o trabalho com agricultura biodinâmica junto a pequenos produtores da região de Botucatu. ``A interação coordenada entre consumidores, comerciantes e produtores é premissa para que uma economia associativa possa basear-se na ecologia da terra e das necessidades de desenvolvimento do ser humano", afirma Bona. Segundo ele, quando o laticínio estiver em funcionamento, grupos de visitantes poderão conhecer todo o processo de produção de leite, desde a fazenda até a usina. Botucatu virou reduto da agricultura biodinâmica no Brasil. Tudo começou com a Estância Demétria, fazenda estruturada de acordo com os princípio da agricultura biodinâmica, fundada na cidade em 1974. Administrada pela Associação Beneficente Tobias, a Estância Demétria estimulou a ida a Botucatu de outros seguidores desse tipo de agricultura. Texto Anterior: Zôo de Brasília usa terapias alternativas Próximo Texto: Instituto lança coleção para analisar as frutas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |