São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995 |
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Ruralistas ameaçam abandonar negociação
SHIRLEY EMERICK
Para a equipe econômica, os ruralistas estão divididos e, por isso, quer ganhar tempo para enfraquecer a pressão destes parlamentares. Na última quarta-feira, o ministro interino da Fazenda, Pedro Parente, se reuniu com os parlamentares e disse que o governo apresentaria respostas às reivindicações da comissão. A reunião está marcada para hoje. Mas Pedro Parente e o ministro José Eduardo de Andrade Vieira (Agricultura) não apresentarão as alternativas finais para as reivindicações dos ruralistas. Na última reunião com parlamentares, a divisão dos ruralistas ficou clara para o governo. Quando foi apresentada a alternativa da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) como novo indexador dos contratos agrícolas, eles não tiveram uma posição unânime. O senador Jonas Pinheiro (PFL-MT) e o deputado Romel Anísio (PP-MG) foram favoráveis à discussão da proposta. Mas o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) descartou totalmente a utilização deste indexador para os créditos agrícolas. Estes três parlamentares fazem parte da liderança da bancada ruralista do Congresso -que reúne cerca de 140 congressistas. O deputado Hugo Biehl (PPR-SC), outra referência dos ruralistas, pedirá a interrupção das negociações caso não sejam apresentadas propostas concretas para as reivindicações. Já está definido, por exemplo, que o governo não perdoará a correção passada da dívida dos produtores pela TR (Taxa Referencial), pois o Tesouro Nacional teria que bancar o débito. A única concessão que o governo fez para os agricultores foi adiar, por 30 dias, o vencimento das dívidas do Plano Collor. Em 90, a área econômica corrigiu os empréstimos em 85% e os preços mínimos (fixados pelo governo para adquirir a produção e orientar o mercado) em 43%. Os ruralistas estão irritados ainda com a redução de 12% para 2% do Imposto de Importação da carne suína, pois entendem que os produtores nacionais serão prejudicados com esta medida. O deputado Nelson Marquezelli também vai apoiar a interrupção das negociações. ``Vamos atuar no plenário com 140 votos garantidos, caso o governo insista em nos apunhalar", declarou. Rombo O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Dias, disse ontem à Folha que a retroatividade do cancelamento da TR como indexador provocaria um rombo de R$ 2,5 bilhões no Tesouro. O ministro José Serra (Planejamento) chegou a estimar este rombo em R$ 5 bilhões, mas ele considerava que outros contratos indexados à TR também possam ser questionados judicialmente. Em um primeiro momento, o mesmo rombo chegou a ser estimado em até R$ 10 bilhões, pelo governo e ruralistas. Texto Anterior: CEF abortou enxugamento Próximo Texto: PERFIL DA DÍVIDA AGRÍCOLA Índice |
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