São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995
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Igreja não condena quem busca 'milagre'

DA REPORTAGEM LOCAL

A Igreja Católica não considera pecado recorrer aos santos ou fazer promessas pedindo dinheiro ou sorte em jogos de loteria como a Supersena.
Segundo o monsenhor Arnaldo Beltrami, vigário episcopal de comunicação da Arquidiocese de São Paulo, esse comportamento reflete a situação econômica do país.
``Condenar esses pedidos seria mais uma exclusão. Se o povo quer dinheiro, é porque já foi excluído da renda nacional. Seria o máximo a igreja punir alguém que deseja um milagre", disse.
Ontem, a maioria dos fiéis procurou a igreja da Santa Cruz das Almas dos Enforcados, na Liberdade (centro), para fazer orações.
Outras paróquias, como a de Santa Edwiges (a padroeira dos endividados), ficaram vazias.
``Segunda-feira é o dia tradicional de visitas à igreja das Almas. As pessoas procuram aquela paróquia porque todos os santos estão representados lá. Os pedidos podem ser atendidos por todas as almas que estão no céu", disse o monsenhor Beltrami.
A igreja das Almas conta ainda com dois pavimentos especiais para quem vai acender velas, fazer pedidos ou promessas.
Na igreja de São Judas Tadeu -o padroeiro das causas impossíveis-, no Jabaquara (zona sul), os desprevenidos ainda podiam apostar na Supersena ontem.
Dois bilheteiros vendiam boletos com seis números por R$ 1,50 na porta da igreja. O analista de sistemas Joel Nunes Carrel, 20, aproveitou e comprou três cartões.
``Moro aqui perto e vim apenas rezar um pouco. Quem sabe a porta da igreja dá mais sorte e eu acabo ganhando mesmo", afirmou.
Carrel disse que não teve tempo de apostar no jogo durante a semana. Ele não sabia nem sequer o valor do prêmio. ``Sei que é muito dinheiro", afirmou.

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