São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995
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Governo pretende dar bolsa a professores

GILBERTO DIMENSTEIN
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Preocupado com a debandada de professores universitários que estão pedindo aposentadoria, o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, afirmou ontem à Folha que a ``melhor solução" é distribuir bolsas para que eles permaneçam em sala de aula.
Segundo ele, esta semana o Ministério da Educação já teria pronto o formato da bolsa a ser concedida, para que cada faculdade escolhesse os professores.
``Estamos perdendo professores renomados, o que enfraquece ainda mais o ensino superior", lamentou o ministro. Cada professor custou, em média, R$ 100 mil para sua formação -custo que sobe para R$ 180 mil se o professor tiver estudado no exterior.
A Folha revelou ontem que o número de aposentadorias na Universidade de São Paulo (USP), este ano, subiu 55% em relação a 1994, devido às aposentadorias em massa. Os professores estão preocupados com mudanças nas regras da aposentadoria.
Segundo a reportagem, essa debandada colocaria em risco a existência de cursos na USP, por falta de professores. A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas perderia 30% de seus quadros.
A fórmula em estudo, segundo Paulo Renato, garantiria a aposentadoria do professor, que, ao ganhar a bolsa, se comprometeria a continuar dando aulas.
Ainda não se tem idéia do valor da bolsa e nem de quanto o programa -que exigiria remanejamento das verbas do ministério- custaria em todo o Brasil. Cada bolsa implicaria que a faculdade deixasse de abrir uma vaga.
Outro ponto em discussão é a quantidade de bolsas a serem concedidas para cada faculdade. De acordo com o ministro, a faculdade teria uma porcentagem inferior dependendo do número de aposentarias previstas para cada ano.
Cada escola escolheria os professores que considerasse mais importantes para permanecerem na sala de aula.
Pela lei atual, um professor universitário está enquadrado na categoria das aposentadorias especiais: 25 anos para mulher e 30 anos para homem. O governo quer mudar essas garantias, o que gerou a debandada.
``Vamos chegar em breve ao ponto em que estaremos pagando mais para aposentados que aos da ativa", afirma Paulo Renato.

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