São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995
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Força Sindical desenvolve atividades empresariais

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Força Sindical busca atividades empresariais como alternativa para obter receita com o possível fim das contribuições compulsórias aos sindicatos.
Hoje, a central já é hoje dona de uma agência de turismo. Seus dirigentes estudam também a possibilidade de, caso haja reforma na Previdência, gerenciar planos de previdência privada.
``Atuar com empresas é uma forma legítima de uma central obter receita", afirma Enilson Simões de Moura, o Alemão, secretário-geral da Força Sindical.
``Uma central sindical deve prestar serviços de cunho social, como acontece na Europa", completa José Ibrahim, secretário de relações internacionais.
Por enquanto, a agência da entidade, a Vite Turismo, não chegou a trazer recursos para a Força Sindical, segundo seus diretores.
O primeiro tesoureiro, Ricardo Patah, diz que cerca de US$ 40 mil são faturados por mês. Mas o lucro é zero.
Para atuar no mercado de previdência privada, a central chegou a criar um instituto, o Instituto Brasileiro de Seguridade Social.
O presidente do instituto é o próprio presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros.
``Fomos otimistas, ingênuos até, em acreditar nas reformas o ano passado", disse Ibrahim.
Hoje, os sindicatos, centrais sindicais ou institutos ligados a eles não podem criar planos de previdência privada por causa de lei ordinária -6.435, de 1977. O artigo 4º desta lei permite que empresas, institutos religiosos, assistenciais ou educativos abram planos próprios mas não cita sindicatos ou outras associações, segundo o assessor jurídico da Abrapp (Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Privada), Rogério Aguirre Netto.
Após as reformas no Chile, em 80, dois sindicatos -de professores e bancários- já abriram fundo de previdência próprio. Também na Argentina, sindicatos participam desses fundos, sendo que de dois, majoritariamente.
No Brasil, a própria Abrapp defende a inclusão dos sindicatos e já encaminhou projeto de mudança nessa lei ordinária ao Congresso.
As reformas na Constituição poderiam ajudar, ao fazer crescer o mercado dos planos privados de previdência.
Como as reformas não aconteceram, diz Alemão, o Instituto Brasileiro de Seguridade Social da Força Sindical foi ``desativado".
Também está ``em processo de extinção", segundo Alemão, outro instituto ligado à central, o Instituto Brasileiro de Modernização e Desenvolvimento Sindical.
O instituto, do qual Alemão é presidente, chegou a receber US$ 10 mil do Bamerindus e US$ 10 mil da Vale do Rio Doce, para ajudar na organização, em 91, da 1ª Conferência Eco-sindical.
``Depois, esse instituto não recebeu mais nada e perdeu sua função", garante Alemão.
Com esses dois, já chega a quatro o total de institutos ligados à Força Sindical.

``Dando um tempo"
Wagner Cinchetto, ex-assessor de Medeiros, não acredita na desativação dos institutos.
``Eles estão dando um tempo porquê as coisas estão esquentando para o lado deles."
``A Força Sindical virou um balcão de negócios com dinheiro do trabalhador", diz Cinchetto, que apontou a existência dos dois outros institutos -Ibes e Ibrades (Instituto Brasileiro de Estudos Sindicais e Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Sindical).
Segundo Cinchetto, por intermédio do Ibes e Ibrades Medeiros arrecadou junto a empresários, a partir de 90, US$ 2 milhões, com a ajuda do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Medeiros diz não saber o total arrecadado e nega a ajuda de Collor. Reconhece, no entanto, que buscou recursos junto a empresas, por intermédio do Ibes para viabilizar a fundação da Força Sindical.

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