São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pacote anticonsumo derruba taxa do CDB

FIDEO MIYA; LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O rendimento médio dos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) recuou na semana passada para 4,25%, contra uma média de 4,52% na semana anterior, segundo informações da Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto).
Na sexta-feira passada, os bancos pagaram um rendimento médio de 3,91% em aplicações de CDB prefixado para grandes investidores, com prazo de 20 dias úteis até o vencimento.
No dia 20, último dia útil da semana anterior, essa rentabilidade era de 4,42%, para o mesmo número de dias úteis.
Este foi o reflexo imediato da ampliação do compulsório sobre depósitos a prazo (principalmente CDBs) decretada pelo governo com o objetivo de conter o consumo, desestimulando os bancos a aumentarem a captação de recursos destinados a empréstimos.
O efeito colateral será uma redução proporcional na rentabilidade da caderneta de poupança, cujo índice de remuneração, a TR (Taxa Referencial de Juros), é medido com base na média dos CDBs.
Na segunda-feira da semana passada, o valor sobre os saldos da captação com CDBs que os bancos devem depositar obrigatoriamente ao Banco Central foi elevado de 27% para 30%.
Paralelamente, foi fixado um limite baseado na média de captação de cada banco na última semana de fevereiro deste ano. O que exceder esse limite terá um compulsório adicional de 60%.
O resultado foi o desinteresse dos bancos em captarem recursos com CDBs, daí a queda nas taxas de juros praticadas.
Mas o efeito para os tomadores de crédito será inverso. Isto porque, com os compulsórios ``normais" de 15% sobre empréstimos e de 30% sobre depósitos a prazo, em cada R$ 100 emprestados, o banco precisa captar R$ 168,07 com a venda de CDB aos investidores e repassa todo esse custo ao tomador de crédito.
Para a pessoa física, o custo do empréstimo bancário (incluindo o cheque especial e o crédito direto ao consumidor) terá o impacto extra da nova alíquota de IOF, que passou de 6% para 18% ao ano.
Em seu relatório semanal, a Andima avalia que a ampliação do compulsório não deve agravar o já reduzido grau de liquidez (quantidade de dinheiro disponível) existente no mercado financeiro.
Isto porque, nos últimos dois meses, houve uma diminuição no volume de CDBs emitidos pelos bancos nos últimos dois meses.
As novas regras do compulsório vão atingir as instituições financeiras de maneira distinta.
O Bamerindus, um dos quatro maiores bancos privados brasileiros, por exemplo, ainda tem espaço para crescer, tanto na captação quanto nos empréstimos, segundo Belmiro Valverde Jobim Castor, diretor-superintendente.
No fim de fevereiro, o saldo de CDBs do Bamerindus somava cerca de R$ 3,5 bilhões, diz Castor. Com o fator de correção de 1,1154 fixado pelo BC, seu limite no fim de maio ficará em torno de R$ 4 bilhões.
Analistas dizem que a queda nas taxas de juros representa um fator adicional de alta nas cotações. Desde 17 de abril, as Bolsas registraram valorizações expressivas.
O Índice Bovespa subiu 28,02% em todo o mês de abril, dos quais 22,50% depois do dia 17.
Nesse período, o governo incluiu o setor elétrico no programa de privatização e, além disso, obteve no Congresso Nacional a admissibilidade da proposta de reforma da Previdência.
(Fideo Miya e Luiz Antonio Cintra)

Texto Anterior: GM nega aumento de carro a partir de hoje
Próximo Texto: Ex-ministro assume direção da OMC
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.