São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995
Texto Anterior | Índice

Neoliberalismo; Bolsas do CNPq; Desemprego e modernidade; O Jahú; Um bom recado; PT _adesismo e agressão; Ensino em crise; Bebês e egoísmo; Paris é uma Miami sofisticada?; Fórmula de um só

Neoliberalismo
``Li o editorial da Folha de 23/4 sob o título `Neoliberalismo'. À medida que o lia concordava com os resultados e os números ali apresentados, que me parecem um retrato da marginalização de países, e, dentro destes, de pessoas. Esperava, no entanto, uma conclusão mais completa. Refiro-me ao mundo de hoje, sem dúvida, muito mais competente do que o do passado, o que nos leva a observar que as nações desenvolvidas também são as cultural e educacionalmente melhores. Portanto, parece-me, a culpa não é do neoliberalismo, ou de qualquer outro `ismo' que se possa identificar. A responsabilidade por tudo mencionado no editorial é de que as populações não estão adestradas o suficiente para viver no mundo atual, da informática, das comunicações instantâneas, da qualidade total. Não conheço os dados da Bolívia, mas é possível que o índice de analfabetismo seja bem paralelo ao dos miseráveis e, se for menor, a qualidade do ensino e da educação deve ser insuficiente. Isso deve ser um alerta para nós, brasileiros. Temos tudo para crescer, riquezas naturais, área geográfica, população (quer dizer, mercado doméstico). No entanto, no competitivo mundo novo que vemos a nossa volta, em frenético desenvolvimento, educação adequada, em quantidade e qualidade, é fundamentalmente essencial. Enquanto isto não for conseguido, poderemos enfrentar fracasso e fracassos, sempre culpando o sistema de governo que, para uma população competente, pouco importa."
Ozires Silva, ex-ministro da Infra-Estrutura (São José dos Campos, SP)

Bolsas do CNPq
``A Folha foi muito feliz quando discorreu sobre o pagamento de bolsas do CNPq (26/4), procurando esclarecer os problemas enfrentados na elaboração da folha de bolsistas. Para se ter uma idéia, faltam, aproximadamente hoje, 2.000 bolsistas a serem incluídos na folha de pagamento. No entanto, é incorreta a informação de que o CNPq `diminuiu para cerca da metade' o número de bolsas em 1995. Ao contrário, este ano estamos implementando um maior número de bolsas de iniciação científica e doutorado, preservando os números executados nas outras modalidades. Para finalizar, em 20/4 solicitamos ao Ministério da Ciência e Tecnologia repasse financeiro para efetivar o pagamento de bolsistas que ainda se encontravam fora da folha no mês de março. Realizaremos no final de maio reunião para julgar cerca de 10 mil pedidos de bolsas que chegaram ao CNPq."
J. G. Tundisi, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -CNPq (Brasília, DF)

Desemprego e modernidade
``Como pode um país produzir comida e fome ao mesmo tempo? É de se pensar no ajuste estrutural do FMI, que recomenda para os países que tutela um certo patamar de desemprego. Mas a equação é: se o índice está acima do patamar, deve ser diminuído. Se está abaixo, deve ser aumentado. No Leste Europeu, por exemplo, valeu a segunda receita. E o Brasil, já tão sem empregos, também faz ginásticas para alcançar seu patamar. É a mesma combinação: desemprego e modernidade. E uma única fórmula: desenvolvimento à custa da exclusão social."
Tereza Lajolo, vereadora (São Paulo, SP)

O Jahú
``Leitor e apreciador das crônicas de Carlos Heitor Cony, lendo `Nem os diamantes são para sempre' (23/4) compartilhei da análise sobre o mito, sobre os brasileiros que fizeram a história. Com verdadeira alegria e até um tanto eufórico, confesso, vibrei com a alusão ao Jaú. O Jaú aludido chamava-se João Ribeiro de Barros. Seu avião, o Jahú, atravessou o Atlântico Sul precisamente no dia 28 de abril de 1927, concretizando o até então sonho de interligar continentes sem escalas."
Antonio Roberto Musitano Rosa (Jaú, SP)

Um bom recado
``Parabéns ao sr. Luís Nassif pelo seu artigo `O governo vai quebrar o país' (edição de 29/4). O recado foi bem dado. Aceita quem quiser."
Gumercindo Lacerda (Sarandi, PR)

PT -adesismo e agressão
``A carta do leitor Walter Miranda (23/4) mostra o dilema que vive o PT hoje. Dividiu-se entre o adesismo descarado e a agressão desesperada."
Francisco Teixeira (Londrina, PR)

Ensino em crise
``Pessoas nada ligadas à educação são as que mais tentam elucidar, gerir, sugerir, questionar e até administrar o ensino neste país. Enfatizam que educação é algo de extrema complexidade, cujo entendimento está muito longe de uma solução ao menos razoável. Ora, escola não é empresa. Pessoas não são máquinas. Educação não é processo falido. Culpa-se sempre o governo, mas será somente o governo culpado? Afinal, quem está todos os dias com o aluno dentro de uma sala de aula? É o governo ou o educador? É imprescindível que nossa consciência de educadores transponha com urgência os muros da escola a fim de que possamos descobrir o real e significativo papel político-pedagógico do professor."
Ronaldo Rodrigues (Araguari, MG)

``O editorial de 29/3, que aborda a greve dos professores e a crise do sistema educacional, é parcial e preconceituoso, pois não considera o fato de que a má formação de muitos professores é uma decorrência do achatamento dos salários, e não o inverso."
Everaldo Francisco da Silva, seguem-se mais três assinaturas (São Paulo, SP)

Bebês e egoísmo
``Sobre a opinião da sra. Glória Alves Cruz, publicada dia 24/4 no Painel do Leitor, acrescento que é ótimo que evitem conceber bebês. São menos adultos sem escola e sem emprego no futuro e menos poluição do meio ambiente. Se a opção de evitar filhos é egoísta, ainda é melhor do que o egoísmo daqueles casais que insistem em ter filhos sem ter o menor preparo para torná-los pessoas felizes e capazes."
Rosana Couto Pottumati (Campo Grande, MS)

Paris é uma Miami sofisticada?
``Chamar Paris de Miami sofisticada e intelectual é uma maneira que não deveria ter passado pelo crivo do caderno Turismo de 27/4. É lamentável a comparação do sr. Alcino Leite Neto."
Bernardo Castelo Branco (São Paulo, SP)

Fórmula de um só
``E o Brasil inconsolado vê Senna Imola-do. Na fórmula de só um, sem Senna é sem nenhum."
Marcos Thomé Giovanella (Cascavel, PR)

Texto Anterior: A criança presente _aqui e agora
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.