São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995
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Violência global

LUIZ CAVERSAN

RIO DE JANEIRO - Semana passada fiz aqui uma aparentemente estranha conexão entre a brutalidade do atentado de Oklahoma (EUA) e a criminalidade galopante do Rio de Janeiro e também de São Paulo.
O que em princípio não tem nada a ver -muita distância física e ideológica entre as circunstâncias- pode ter tudo a ver quando se raciocina em termos de globalização, quando se leva em conta a aproximação inexorável promovida pelos recursos da tecnologia e também, talvez principalmente, quando se observa a deterioração das relações sociais.
Dizem os céticos com a globalização que a perda das chamadas raízes, o extermínio das relações segmentadas, tribais ainda que modernas, constituem o problema crucial da globalização da economia e por decorrência de todos os mecanismos sociais. É o contínuo processo de exclusão.
A crescente violência nos grandes centros urbanos -os que ``sobram" numa sociedade moderna têm que sobreviver, não?- seria a maior prova disso.
Mas o que ainda não está bem explicada ou compreendida é a aproximação assustadora dos procedimentos dos que têm uma atuação ideológica rígida -fundamentalistas, extremistas de direita e outros e dos criminosos armados dos grandes centros e suas máfias.
A semelhança do resultado da ação desses ``outsiders" assusta e dá o que pensar.
Afinal, qual a diferença entre a menina que virou capa de revista nos braços do bombeiro de Oklahoma e a que morreu este fim-de-semana no Rio com uma bala perdida na cabeça?
É fantástico assistir ao processo de interação global, via Internet, mercados de derivativos, comunicação virtual e quetais. Mas como digerir a facilidade com que ainda se morre por aí?

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