São Paulo, sexta-feira, 5 de maio de 1995
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Ruth vai receber parlamentares às sextas

VALDO CRUZ
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Como presidente do Conselho Consultivo do Programa Comunidade Solidária, a primeira-dama Ruth Cardoso vai criar o ``dia do parlamentar".
``O objetivo é mostrar como vão funcionar os programas sociais do governo. É uma função educativa", disse a mulher do presidente Fernando Henrique Cardoso. Todas as sextas-feiras, ela pretende receber dez parlamentares. As audiências ainda não têm data para começar.
Ela diz não temer ser pressionada pelos políticos, que sempre lutam pela liberação de verbas para a região onde são mais votados. ``Eu vou tentar convencê-los de que o momento é outro", disse.
Ontem, Ruth convidou um grupo de jornalistas para um café da manhã no Palácio do Alvorada -a residência oficial da Presidência.
Acrescentou, em seguida, acreditar que hoje apenas ``alguns políticos antiquados" continuam fazendo política com a liberação de verbas sociais. ``A maioria", segundo ela, pensa de outra forma.
Diante da insistência de que muitos políticos se reelegem através da liberação de verbas sociais, ela rebateu: ``Vocês devem pesquisar também aqueles que não conseguiram se reeleger usando este tipo de política".
Ruth nega qualquer intenção de, com as audiências, auxiliar na articulação política do governo. Mas, para uma assessora, isto acabará acontecendo, uma vez que ``eles (os parlamentares) votam".
Ruth disse que a escolha da sexta-feira não foi nenhuma retaliação contra os políticos, que costumam deixar Brasília neste dia em direção a seus Estados. ``Eu trabalho de segunda a sexta", disse.

Café da manhã
Não é só com os políticos que a primeira-dama pretende adotar um relacionamento mais próximo. Ela vai adotar uma linha ofensiva na divulgação das ações na área social, que vinham recebendo críticas até dentro do governo.
Ontem, no início do café da manhã, foi logo dizendo que pretende manter mais contato com a imprensa, tendo até contratado uma jornalista como assessora.
Bem-humorada, ela recebeu os jornalistas às 8h30, acompanhada de quatro assessoras. Contrastando com o estilo pão-duro do marido, Ruth Cardoso serviu uma mesa farta, com frutas, suco de laranja, café, leite, bolo, pãozinho e até pão-de-queijo.
Não se alterou nem quando foi perguntada se ficaria irritada caso, nesta primeira etapa do programa, o governo fosse acusado de assistencialista -por estar apenas repetindo ações como a distribuição de leite.
Primeiro, disse que, se atender os excluídos é ser assistencialista, ela não teme que o governo ganhe este rótulo. Mas acrescentou não considerar o Comunidade Solidária assistencialista.
Segundo ela, o programa tem como objetivo articular as ações sociais dos diversos ministérios do governo.
``Nós, aqui, temos a obsessão de articular", lembrando que o Comunidade Solidária não é um órgão nem liberador de verbas.
Ruth disse que nesta primeira etapa o governo vai tocar os programas em curso ou que já estavam em estudo, como a distribuição de leite e liberação de verbas para municípios em situação de calamidade.
A primeira-dama apontou algumas das prioridades do programa: saúde para a criança, formação profissional do jovem e geração de emprego para o adulto. Informou ainda que o Comunidade Solidária vai procurar agilizar a liberação de verbas dos programas sociais.
Em tom de brincadeira, disse que a secretária-executiva do programa, Anna Maria Peliano, sempre que houver atraso na liberação de recursos, vai reclamar diretamente com o secretário do Tesouro, Murilo Portugal. ``Ela vai e diz que eu estou bravíssima."

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