São Paulo, sexta-feira, 5 de maio de 1995
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Vazamento de iodo-131 contamina três

DA REPORTAGEM LOCAL; DO NP

O vazamento de uma ampola de iodo-131 em um laboratório do Ipen (Instituto de Pesquisa Energética e Nuclear) contaminou três técnicos que trabalhavam no local anteontem pela manhã.
O iodo-131 é uma substância radioativa. Dependendo da dosagem, pode provocar várias doenças, entre elas o câncer.
O Ipen fica na Cidade Universitária (zona oeste) e está subordinado à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia. O acidente aconteceu no setor GPI, um dos mais protegidos do órgão e onde trabalham cerca de 20 pessoas.
A direção do Ipen informou que a contaminação não causou maiores danos à saúde dos funcionários porque a quantidade de material que vazou foi pequena.
O órgão distribui o iodo-131 para hospitais de todo o Brasil. Ele é usado no tratamento de doenças glandulares, como a tireóide, e no diagnóstico do câncer.
O prédio do Ipen está isolado desde ontem. Ninguém sabe a origem do vazamento. Uma técnica descobriu por acaso que estava contaminada quando passou por um aparelho que mede o nível de radioatividade dos funcionários.
Depois disso, técnicos fizeram um exame no prédio para ver se havia contaminação e decidiram interditar o local porque havia traços de iodo-131 em áreas que não deveriam ter nenhum contato com o material, como corredores e salas administrativas.
O secretário de Ciência e Tecnologia, Émerson Kapaz, disse ontem que o Ipen acredita que houve sabotagem.
``Há alguns meses sumiu um aparelho do Ipen e a diretoria já vinha desconfiando de um funcionário. Agora vamos fazer uma sindicância interna para apurar de quem foi a culpa", disse.
Segundo Kapaz, é raríssimo acontecer um acidente como o de anteontem.
O secretário só foi informado do vazamento ontem pela manhã pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), órgão federal responsável pela fiscalização de instituições que mexem com material radioativo.

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