São Paulo, sexta-feira, 5 de maio de 1995
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Chamem Elliot Ness

WILSON BALDINI JR.

O boxe brasileiro comemora enojado os 20 anos da conquista do seu último título mundial.
Não por Miguel de Oliveira, que repetiu o feito do eterno Éder Jofre (campeão dos galos de 1960 a 1965 e dos penas em 73), e ficou brilhantemente com o cinturão dos médios-ligeiros em 7 de maio de 1975.
Miguel venceu na oportunidade o espanhol José Duran, em Monte Carlo, após 15 roundes.
Na 3ª feira passada, o mês de maio deixou de ser lembrado pelos amantes da ``nobre arte" pelos grandes combates e datas importantes que reúne.
Um bando de despreparados está cuidando para acabar com estes bons momentos.
Insistem em organizar pseudo-combates e criar falsos ídolos.
A vitória, por pontos, do cubano -que tenta se naturalizar brasileiro- Aurélio Toyo Perez diante do russo Nykolai Kulpin foi, e ainda está sendo, revoltante.
Diante de um adversário apenas regular, nada extraordinário, Toyo mostrou todas as suas falhas.
Assim como já mostrara diante dos decadentes norte-americanos Marion Wilson e Mike Hunter.
Aliás, como aconteceu com Hunter, Toyo olhou para o adversário de baixo para cima.
Foram três quedas. Pior. Nocautes clássicos. Indiscutíveis.
Mas a corja ainda tentou camuflar o péssimo estado do cubano. Durante a primeira queda no 4º assalto, Toyo teve 20 segundos para se recuperar, quando o determinado é apenas a metade.
Na segunda queda, a tática enganosa foi outra. O juiz esperou proibidos 13 segundos. Como Toyo estava totalmente grogue, o gongo, anunciando o fim do assalto, foi acionado 15 segundos antes do previsto.
Uma vergonha. Não há crítica nenhuma ao lutador, que mais parece uma marionete na mão destes aproveitadores do boxe.
E depois querem trazer Mike Tyson e George Foreman para lutar aqui? Deus nos livre.
É possível que o Toyo ou o Maguila ou qualquer outro lutador consiga o título no tapetão, por meio de um efeito suspensivo, depois de 20 quedas.
São pessoas como aquelas que estiveram em Carapicuíba que estão acabando com o boxe nacional. É por isso que nossa última conquista aconteceu há 20 anos.
E, se esses mafiosos continuarem no poder, vamos comemorar os 30 anos do Miguel, os 40 do Éder, os 50 do Miguel...

Notas
A TVA/Esportes transmite amanhã quatro grandes combates, direto de Las Vegas. A principal luta é a unificação do título dos leves. Os norte-americanos Oscar de La Hoya (campeão da OMB) e Rafael Ruelas (FIB) se enfrentam. Dana Rosenblatt x Chad Parker; Gabriel Ruelas x Jimmy Garcia e Johnny Tapia x Armando Salazar completam a noitada.

No próximo dia 20, Evander Holyfield volta aos ringues para enfrentar Ray Mercer. Quem perder encerra a carreira.

Que bela vitória do Maurício Amaral sexta-feira, em Osasco. O melhor supermédio brasileiro teve grande aproveitamento nos golpes contra o chileno Salvador Lobble. Só falta um pouquinho mais de pegada.

Como foi adiantado neste espaço, Peter McNeeley será o primeiro adversário de Mike Tyson. McNeeley é branco, gordo e tem cara de tudo, menos de pugilista. Sua maior virtude é ser filho de Tom McNeeley, que desafiou Floyd Patterson, em 1961, e foi nocauteado.

Começa hoje, em Berlim, o oitavo Campeonato Mundial de Boxe Amador.

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