São Paulo, sexta-feira, 5 de maio de 1995
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"Jamón, Jamón" exagera no apetite

FERNANDA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

Filme: Jamón, Jamón
Produção: Espanha, 1992
Direção: Bigas Luna
Elenco: Penélope Cruz, Stefania Sandrelli, Anna Galiena, Javier Bardem, Jordi Molla, Juan Diego
Estréia: hoje nos cines Ibirapuera 1, Morumbi 2, Cinearte, Center Iguatemi 2, Ipiranga 2 e circuito

``Jamón, Jamón" quer dizer ``presunto, presunto". O filme de Bigas Luna é uma chanchada dramática sobre a tara dos espanhóis por presunto, ``tortillas", alho e pela ``comida", no sentido geral e metafórico.
Silvia (Penélope Cruz) namora José Luís (Jordi Molla). Ela é linda e ele, rico. Ela é operária na fábrica de cuecas do pai dele e à noite faz ``tortillas" para vender e ajudar a mãe, Carmen (Anna Galiena) -que por sua vez trabalha como prostituta para criar Silvia e as duas filhas menores.
José Luís não passa de um novo-rico mimado pela mãe maluca, Conchita (Stefania Sandrelli) -que por sua vez passa a vida procurando amantes já que não recebe nenhuma atenção do marido, o ausente Manuel (Juan Diego).
José Luís é frouxo e mimado, mas tem bom coração e diz que vai casar com Silvia quando ela conta que está grávida. Mas faltam colhões para o garoto se impor frente à mãe e à vida.
Coisa que não falta a Raul (Javier Bardem), que foi o escolhido por Conchita para ser o garoto-propaganda das cuecas que fabricam. Ela também o escolheu para seduzir Silvia, porque não quer que seu filho se case com ela.
Conchita se apaixona por Raul e este por Silvia. Carmem decide que não vai mais transar com José Luís depois que ele decidiu se casar com sua filha. Manuel sabe que Silvia é maravilhosa e que seu filho é um frouxo que pode perdê-la para o primeiro cafajeste que aparecer.
Bom, trata-se de um sexteto amoroso que envolve pais, filhos e muita comida. Bigas Luna mistura tudo e consegue algumas boas cenas, entremeadas por várias outras de gosto duvidoso.
O diretor catalão pega tudo o que considera símbolos de seu país -os touros, os porcos, as comidas, a pobreza e o novo-riquismo- e faz um filme de inspiração surrealista.
``Jamón, Jamón", que demorou para entrar em cartaz no Brasil, é melhor que sua produção posterior, ``Ovos de Ouro", já exibida aqui. Tem o mesmo exagero nas cores e em algumas cenas, mas tem um roteiro mais bem-acabado.
O filme incomoda o espectador, que sai enfastiado, sobretudo pelo final dramático. Mas ``Jamón, Jamón" não deixa de ser ``curioso", às vezes engraçado -embora fique sempre a impressão de que o diretor exagerou no apetite.

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