São Paulo, sábado, 6 de maio de 1995
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Só acordo libera financiamento

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil (BB) suspenderá imediatamente os financiamentos ao setor rural caso o Congresso decida promulgar (fazer vigorar), na próxima semana, a versão da Lei 8.880 que prevê o fim da correção pela TR (Taxa Referencial) no crédito agrícola.
``Se possível, suspenderemos meia hora antes", disse ontem à Folha o diretor de Crédito Rural do BB, Ricardo Conceição.
Segundo ele, serão cancelados até mesmo os empréstimos para plantio da próxima safra de inverno, não corrigidos pela TR.
A partir da próxima semana, deverão começar a ser liberados, segundo o cronograma da política agrícola, R$ 170 milhões para a safra de inverno, que compreende produtos como o trigo.
Tais empréstimos serão corrigidos pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo, abaixo da TR), mas, mesmo assim, serão suspensos com a promulgação da nova versão da lei porque o texto estabelece correção pela variação de preços dos produtos.
Além disso, seria suspensa, de imediato, a liberação de R$ 50 milhões para a comercialização da safra plantada no ano passado. ``Seria uma nova cacetada no setor rural", avalia Conceição.
A bancada ruralista do Congresso (120 parlamentares ligados ao setor agrícola) tem ameaçado votar contra o governo caso suas principais reivindicações -o fim da TR nos financiamentos e a renegociação das dívidas atrasadas dos agricultores- não sejam atendidas.
Entretanto, o governo, até agora, não conseguiu uma solução satisfatória para a correção dos financiamentos, porque o uso da TJLP não agradou aos ruralistas, nem acha viável renegociar as dívidas atrasadas sem a TR.
``Podemos mexer em prazos ou em juros, mas está fora de cogitação tirar a TR do estoque da dívida (os financiamentos já contratados)", disse Conceição.
Segundo técnicos do Banco Central e do Ministério da Fazenda, pouco se avançou até o momento nos estudos para eliminar a TR dos financiamentos agrícolas, uma das promessas de campanha do presidente FHC.

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