São Paulo, sábado, 6 de maio de 1995
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Bancada dos hospitais pressiona Jatene

SILVANA QUAGLIO; MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Parlamentares ligados à área da saúde estão pressionando o ministro Adib Jatene (Saúde) para reajustar imediatamente o valor das guias hospitalares de internação e de consulta em 45%.
O setor também pleiteia o pagamento de um mês antecipado dos serviços a serem prestados pela rede de hospitais conveniados.
Um destes parlamentares, o deputado Osmânio Pereira (PSDB-MG), explicou à Folha que a maioria dos hospitais está ``pendurada" em empréstimos bancários, e que a antecipação é fundamental para pagar os juros.
``As Santas Casas estão fechando as portas por falta de recursos", afirmou o deputado José Linhares (PP-CE), que é padre e presidente da Confederação das Misericórdias do Brasil.
Em reunião com Jatene, na quinta-feira, na Câmara dos Deputados, Linhares explicou ao ministro que os hospitais não têm como arcar com o aumento da folha salarial resultante do reajuste de 42,85%, conferido ao salário mínimo neste mês.
O governo repassa para os hospitais conveniados R$ 2 por consulta e R$ 3,50 pelas internações de pacientes atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Este valor é o mesmo desde a implantação do Real, em junho do ano passado.
Jatene se mostrou sensível ao pleito dos parlamentares. Mas, apoiado por uma tabela que comprova a existência de um rombo de R$ 3,4 bilhões no caixa do ministério este ano, o ministro reiterou: ``Não tenho um tostão para dar reajuste a ninguém".
O ministro afirmou que o Orçamento da União assegura menos de R$ 80 por brasileiro por ano. Ele quer subir este valor para, pelo menos, R$ 150 por habitante.
Isso elevaria o valor do orçamento da saúde dos atuais R$ 13,9 bilhões para R$ 22 bilhões. Para isso, o ministro defende um acerto em torno das fontes de custeio para o setor com o Congresso.
Para resolver os problemas no curto prazo, entretanto, Jatene propõe a recriação de uma espécie de IPMF (imposto sobre os cheques), cuja arrecadação seria revertida para a saúde. ``É uma medida emergencial e de caráter temporário", diz.
(SQ e MS)

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